Para quem gosta de efemérides, abril é um mês especialíssimo. A começar pelo dia 1°, dedicado à mentira ou, como eu costumo brincar dentro e fora de sala de aula, feito sob medida para jogar luzes sobre a inventividade (e a cara de pau) do político brasileiro, tão dado a ludibriar os seus eleitores das formas mais criativas (e cruéis) que você possa imaginar, dear reader. Além disso, ressalte-se, o primeiro dia do mês é dedicado também à Abolição da Escravidão dos Índios, ocorrida no longínquo ano de 1680.

Na sequência, segundo o site datascomemorativas.me, aparecem o Dia Internacional do Livro Infantil (2), o Dia Mundial da Saúde (7), o Dia do Hino Nacional Brasileiro (13), o Dia da Voz (16), o Dia Nacional do Livro Infantil e também o Dia de Monteiro Lobato (18), o Dia do Índio e também o Dia do Exército Brasileiro (19), o Dia de Tiradentes (21), o Descobrimento do Brasil (22), o Dia da Sogra e também o Dia Internacional da Educação (28) e o Dia Nacional da Mulher (30), dentre tantos outros.

Dos 30 dias que compõem o quarto mês do ano, porém, poucos são os que se igualam ou superam em importância o 23°, pois é quando são celebrados o Dia de São Jorge (o santo padroeiro da Inglaterra), o Dia Mundial do Escoteiro (movimento este surgido na Inglaterra), o Dia Mundial do Livro e também o Dia Mundial do Direito do Autor, o Dia Nacional da Educação de Surdos e (olha só!) o Dia da Língua Inglesa – aquela que é considerada a lingua franca do momento, tamanha a sua presença e influência em todo o planeta, algo que já perdura algumas gerações.

Geralmente desconhecido e/ou esquecido por professores e alunos brasileiros do idioma, que quase sempre o deixam passar em branco, o Dia da Língua Inglesa, é o que se conta, foi instituído em 19 de fevereiro de 2010 pela Organização das Nações Unidas, a ONU, pois é a data da morte (e também do nascimento, segundo os historiadores) daquele que é considerado o maior escritor da English language, William Shakespeare. Por isso, nesse dia, em vários lugares do Brasil e do mundo, comemora-se o English Language Day com atividades educacionais e culturais díspares, que incluem trabalhos escritos e orais sobre o tema, como concursos de redação e encenação de peças de teatro no idioma bretão, por exemplo. Além disso, há shows de talentos com premiação, exibição de filmes e leitura de textos no original, ou seja, na língua de Blake e Shaw. Algo ainda pouco comum entre nós.

Considerado imprescindível nos dias atuais, seja para os estudos, as viagens, os negócios e a comunicação de um modo geral, o inglês é uma das seis línguas oficiais da ONU, juntamente com o árabe, o chinês, o espanhol, o francês e o russo. Somente ela (e o francês), entretanto, é comumente chamada de ‘língua de trabalho’, pois geralmente ela (e o francês) é ouvida nas sessões e cerimônias realizadas na sede das Nações Unidas, o que só reforça a ideia do quanto o seu prestígio e importância é grande na e para a entidade, desde os seus primórdios, e em especial na modernidade.

Para mim, que lido com a língua inglesa praticamente todos os dias da minha vida há uns bons anos, saber que há um dia dedicado a ela é motivo de grande alegria e satisfação, que eu faço questão de compartilhar com o máximo de pessoas possível, especialmente com os meus alunos, tamanha a minha admiração por e dedicação a ela. Algo superado apenas pelos meus mais nobres sentimentos bilaquianos pela nossa inculta e bela língua portuguesa do Brasil (e alhures), cujo dia é festejado em datas tão diferentes quanto o 5 de maio, o 10 de junho e o 5 de novembro.

Vá entender o porquê, ó habitantes de Brasília e Algarve…

Fonte | Jerry Mill -Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis e autor da biografia Lamartine da Nóbrega – Uma História Como Nenhuma Outra

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