Especialista sugere proximidade com os filhos e conversa franca para desfazer medos provocados pela exposição a conteúdos impróprios.

A semana que passou registrou dois casos de violência gratuita que espantaram o mundo e também as crianças: os ataques a uma escola em Suzano (SP) e a uma mesquita na Nova Zelândia. Nesta segunda-feira, um personagem macabro que assombra o universo infantil também voltou à pauta: a boneca Momo teria sido vista infiltrada em um vídeo para crianças sugerindo que elas cometessem suicídio. A sucessão de conteúdos violentos e impróprios deixou mães e pais assustados em relação a exposição dos filhos às informações e aos boatos que circulam na internet.

Especializada no atendimento de crianças e adolescentes e pesquisadora associada à Universidade de Brasília (UnB), Fabiana Gauy, afirma que a faixa etária mais afetada são as crianças entre 8 e 13 anos, pois são mais expostas a este tipo de conteúdo que as menores e ainda não tem a maturidade necessária para compreender a multiplicidade de fatores envolvidos em ocorrências como estas. “Eles têm menor discernimento sobre os fatos, um ataque a uma escola pode deixá-los com medo de sair de casa, de frequentarem um shopping center ou de ir a uma festa de amigos”, explica.

A sensação de insegurança pode produzir medo generalizado, que deriva para uma ansiedade constante. Outro efeito ruim seria a normalização da violência, as crianças acharem que os atentados são um fato corriqueiro, sem a carga de rejeição que devem provocar. “Os pais devem tentar se antecipar, falar sobre o assunto com as crianças para tranquilizá-las”, afirma Fabiana Gauy. A sugestão da especialista é uma conversa franca, na qual se diga que eventos assim são devastadores, mas excepcionais, que o risco dos filhos serem vítimas é baixo.

Em relação a boneca Momo, Fabiana recomenda que os pais a qualifiquem da mesma maneira que se referem aos medos provocados pela “loira do banheiro” ou pela “mulher de branco”. “É necessário deixar claro que estes personagens não existem, que são boatos e que a criança deve parar de ver e avisar os pais caso um destes personagens esteja nos vídeos as quais eles têm acesso”, ensina. Fabiana insiste que a utilização de eletrônicos por crianças e adolescentes deve ser acompanhada pelos pais e regulada. “É muito importante colocar limites. O uso não deve passar de uma hora,” afirma.

Fonte | Metrópoles

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