Transtorno que afeta famosos, como Sabrina Sato e Jim Carrey, pode dificultar relações interpessoais e desempenho na vida acadêmica e profissional.

Durante muito tempo, os transtornos do neurodesenvolvimento foram desconhecidos por muitos brasileiros. No entanto, a maior facilidade de acesso aos conteúdos sobre o tema, por meio da internet, e o relato de artistas sobre suas experiências pessoais abriram espaço para o assunto em rodas de conversa no país e no mundo. 

Celebridades como Sabrina Sato, Jim Carrey, Ryan Gosling, Zé Felipe e Tatá Werneck afirmaram conviver com o diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, também conhecido pela sigla TDAH.

Inquietação, agitação, desatenção, pensamentos em grande escala, impulsividade e hiperatividade são citados pelo Ministério da Saúde como alguns dos indícios mais comuns do TDAH. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), entre 5% e 8% das pessoas em todo o mundo apresentam o transtorno.

No entanto, o número pode ser ainda maior do que o informado oficialmente. Isso porque nem todas as pessoas que têm a condição já tiveram o diagnóstico de TDAH. Conforme explica a Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins (Abenepi), é comum que pessoas com o transtorno, mas não diagnosticadas, sejam  caracterizadas como indivíduos com comportamento desviante ou falta de disciplina. 

Segundo a diretora clinica do Núcleo de Neuroaprendizagem do Espaço Cel, Gabriela Cardoso, há características do TDAH que podem ser notadas antes dos quatro anos. “Invariavelmente, antes dos 12 anos, é possível observar os sinais, que podem ou não interferir no desempenho acadêmico e na interação social.”

A especialista explica que durante a fase adulta, a identificação do transtorno pode ser mais difícil. “Por esse motivo, o diagnóstico precoce, ainda na infância, é um dos caminhos mais assertivos para trazer mais qualidade de vida ao paciente.”  

Diagnóstico de TDAH: saiba como funciona

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o TDAH como uma síndrome neurocomportamental que costuma se manifestar na infância, especialmente, na fase escolar, capaz de causar prejuízos à vida da criança e de todos que estão à sua volta. 

Segundo as pesquisadoras Rita de Cássia dos Santos Flores e Ana Lúcia Hennemann, autoras do artigo “Importância da Avaliação Neuropsicopedagógica clínica em crianças/adolescentes com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)”, os sintomas costumam aparecer antes dos 12 anos e podem ser facilmente perceptíveis.

Dessa forma, é importante que, durante a infância, os pais ou responsáveis tenham um olhar atento para o comportamento das crianças a fim de identificar possíveis sinais de transtornos de neurodesenvolvimento, como o TDAH. Ao perceber qualquer indício, a orientação é buscar apoio profissional para realizar a avaliação necessária. 

Flores e Hannemann explicam que, durante o processo de avaliação clínica com hipótese de TDAH, o profissional leva em consideração os sintomas e critérios da neuropsicopedagogia, envolvendo escalas, relatórios, além da coleta de informações sobre a vida do paciente. 

Para a realização do diagnóstico, a Abenepi informa que uma equipe multidisciplinar avalia o período de surgimento dos sintomas e a sua persistência, as evidências de que eles interferem no funcionamento social, acadêmico e profissional e, por fim, se os indícios não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico.

De acordo com o estudo Clinical aspects, differential diagnosis and treatment of young people with Attention Déficit Hyperactivity Disorder, publicado na Research, Society and Development, o diagnóstico precoce de TDAH é fundamental para minimizar os impactos nas relações interpessoais e no desempenho das atividades e, também, oferecer mais qualidade de vida.

Tratamento e importância do apoio profissional 

Após a confirmação de TDAH, a criança deve ser encaminhada para o tratamento. Conforme a Associação Paulista de Medicina (APM), em caso de sintomas leves, é aconselhável o tratamento de psicoterapia, como a cognitivo comportamental. Dependendo do quadro, pode ser necessário o uso de medicamentos. 

Juntamente com o tratamento medicamentoso, o apoio especializado é fundamental no tratamento do TDAH. Muitos profissionais podem auxiliar no processo e, também, atuar no núcleo de neuroaprendizagem das crianças que apresentam o transtorno. 

Em entrevista à imprensa, a neuropsicóloga e coordenadora do Núcleo Especializado em Aprendizagem do Centro Universitário de Medicina do ABC (FMABC), Caturani Wajnsztejn, afirmou que, após o diagnóstico de TDAH, a criança precisa do acompanhamento de profissionais especializados. 

Durante a infância e a adolescência, a família pode buscar a orientação de um neuropediatra ou um psiquiatra infantil. Já na idade adulta, o neurologista ou psiquiatra são os profissionais que auxiliam no tratamento. 

Via | Assessoria Foto | Freepik

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