Para especialista, trabalho do BC para ampliar acesso da população a serviços bancários contribui para 45,5% dos clientes preferirem as instituições digitais
O trabalho do Banco Central para ampliar o acesso da população aos serviços bancários e a facilidade de garantir a abertura de uma conta sem ir a uma agência fizeram com que os bancos digitais – as fintechs – caíssem no gosto dos brasileiros. Devido a esses fatores, as referidas instituições já são as preferidas por 45,5% dos consumidores, de acordo com a quinta edição do Ranking de Onboarding, realizado pela plataforma de verificação de identidade idwall. Só em 2022, o total de correntistas nessa modalidade passaram de 1 bilhão. A pesquisa foi feita com mais de dois mil clientes de 23 instituições financeiras. Entre elas, estavam bancos tradicionais e as próprias fintechs. E os números não param por aí. A proporção de usuários com os dois tipos de conta chegou a 72,8% em 2022. Outro dado interessante é o fato de o número de contas por pessoa ter passado de 3,5 em 2020 para 5,2 no ano passado. Isso faz o Brasil um dos países mais bancarizados e com a maior digitalização financeira do mundo. “A gente passou por um período muito longo de baixa bancarização da população brasileira. Sabendo disso, o Banco Central promoveu uma flexibilização da regulamentação bancária para permitir que os serviços bancários de pagamentos e manutenção de contas pudessem atingir um percentual maior de pessoas”, avalia Marcelo Godke, advogado especializado em Direito Bancário, Meios de Pagamento e professor da FAAP, Insper e Ceu Law School. O especialista destaca ainda que esse esforço do BC também teve o objetivo de aumentar a concorrência no setor financeiro para os clientes passassem a ter crédito e seu custo caísse no mercado brasileiro. “Assim, uma parte da população passou a ser bancarizada e ter a primeira conta em uma fintech, ao invés de um banco tradicional. Por isso, existe uma preferência das pessoas”, analisa. Outro ponto importante apontado por Godke é a questão do jovem utilizar mais o celular no seu dia a dia. Isso influencia na preferência do público com essa faixa etária, ressalta o advogado. “Então, já existe uma tendência para esse pessoal abrir uma conta em uma fintech por ser uma instituição mais dinâmica e que fala a linguagem dos mais jovens”. Facilidade de abertura A facilidade para abrir uma conta numa instituição com base tecnológica de atendimento e sem ter que ir a uma agência bancária para manter o serviço e um outro ponto fundamental para as fintechs caírem no gosto dos brasileiros. Em relação à concorrência entre as duas modalidades de instituição, Godke vai mais além. Ele afirma que os bancos tradicionais já se sentem ameaçados pelas fintechs, que já nascem em meio a uma tecnologia de transferência de dinheiro via PIX. “Os grandes bancos não gostam muito disso porque isso faz reduzir a receita nas transações”. Via | Marcelo Godke, especialista em Direito Bancário, Mercado de Capitais (securitização, derivativos, IPOs), Direito Empresarial, Integridade Corporativa, M&A, Societário, Project Finance, Contratos Domésticos e Internacionais. Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Santos, especialista em Direito dos Contratos pelo Ceu Law School. Professor do Insper, da Faap e do Ceu Law School, mestre em Direito pela Columbia University School of Law e sócio do escritório Godke Advogados. Doutor em Direito pela USP (Brasil) e Doutorando pela Universiteit Tilburg (Holanda).
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