A morte de Daniel Hiarle Arruda de Oliveira, de 14 anos, durante um passeio da escola no Circuito das Cachoeiras, que fica no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, completou um mês nessa quinta-feira (6), e a família ainda espera o esclarecimento do caso.

A mãe da vítima, Jocely Mara de Oliveira, afirmou que acredita que a morte do filho não foi acidental.

“Espero por justiça. Quero que seja esclarecido o que aconteceu com meu filho. Soube que ele tentou se segurar na calça de um colega e pediu socorro. Porque as pessoas que estavam com ele não o socorreu? É mentira atrás de mentira”, questionou.

O exame de necropsia apontou asfixia por afogamento como a causa da morte de Daniel. O inquérito que apura a morte ainda está em andamento e a previsão é de que seja concluído daqui a 30 dias.

No dia da aula de campo, 72 alunos com idades entre 14 e 15 anos participaram. Três alunos desapareceram durante o passeio e dois deles foram encontrados em uma trilha, exceto Daniel. Com o sumiço dele, os professores acionaram o Corpo de Bombeiros, que o encontrou morto horas depois em uma cachoeira.

“Porque os professores que estavam cuidando dele não falaram que era perigoso. Ele era grande, mas era uma criança. Uma criança que não tinha noção de perigo, não tinha malícia, tudo era alegria”, disse a mãe.

Jocely disse que ainda tenta se recuperar, mas que os dias sem Daniel e sem uma resposta sobre o que aconteceu com ele têm sido difíceis para ela.

“É uma dor que eu jamais imaginei sentir. Faço almoço, só porque eu sei que minha filha e meu marido precisam comer. Eu não como direito, como pouco só para não ficar doente, pois eu quero ver o que vai acontecer. Quero saber o que aconteceu com meu filho”, pontuou.

Joceli e o filho, Daniel — Foto: Arquivo pessoal

Joceli e o filho, Daniel — Foto: Arquivo pessoal

Passeio de aniversário

A mãe de Daniel disse que o filho tinha pedido para ir ao passeio como um presente de aniversário. Ela contou que não queria que o filho participasse do passeio, mas, como ele insistiu muito, autorizou e pagou a taxa de R$ 30 para que ele pudesse ir.

O estudante tinha completado 14 anos no dia 1º de dezembro.

Joceli também questionou as informações passadas pela escola e a assistência dada e se disse arrependida por ter deixado o filho ir ao passeio.

Passeios em trilhas e cachoeiras eram feitos com guias de turismo até novembro deste ano, mas portaria do Meio Ambiente liberou visitas sem acompanhamento de profissionais — Foto: Rafaella Zanol/Secom-MT

Passeios em trilhas e cachoeiras eram feitos com guias de turismo até novembro deste ano, mas portaria do Meio Ambiente liberou visitas sem acompanhamento de profissionais — Foto: Rafaella Zanol/Secom-MT

Passeio sem guia

O passeio no Circuito das Cachoeiras, no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães (MT), foi feito sem guia de turismo, já que o acompanhamento não é obrigatório, como confirmou a direção da Escola Estadual Professor Welcio Mesquita de Oliveira, em Cuiabá.

Desde o dia 23 de novembro do ano passado, os passeios podiam ser feitos sem guia, de acordo com uma portaria do Ministério do Meio Ambiente.

A liberação dos passeios sem guia é considerada por especialistas da área como uma medida de alto risco.

A presidente do Sindicato dos Guias de Turismo de Mato Grosso (Singtur), Susy Miranda, afirma que, mesmo antes, quando existia a obrigatoriedade de guia no parque para grupos de 11 visitantes, alguns incidentes poderiam acontecer, mas que, com a presença do profissional, eram sanadas ou evitadas.

“Agora imaginem abrir esses atrativos ao público, que muitas vezes não respeita as regras. Ia dar no que deu. Infelizmente aconteceu, mas poderia ter sido evitado”, disse.

Na época, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) lamentou a morte do aluno e informou que a aula de campo seguiu a orientação e contou com a autorização dos país e responsáveis.

Via | G1
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