Recentemente, o tema “pobreza menstrual” ganhou destaque nacional, com a história de meninas que deixam de ir à escola quando estão menstruadas por falta de absorventes. No Brasil, estima-se que uma em cada quatro passem por esta situação. Mas este não é único problema.
O médico ginecologista Érico Duarte Izaias ressalta que a falta de informações e orientação é outra realidade vivida por muitas adolescentes. Ele explica que após a primeira ovulação, que pode ocorrer até mesmo antes da primeira menstruação, as meninas podem engravidar. “Estatísticas apontam que, em cada 1000 adolescentes, 68 estão grávidas no Brasil. Por isso esse diálogo é importante. Quanto mais ela souber sobre seu corpo, maiores as chances de fazer escolhas mais conscientes”.
Érico também cita outras importantes mudanças fisiológicas que podem ocorrer no corpo da adolescente. Quando ela pode falar sobre o assunto com alguém em quem confia, tem a possibilidade de passar por este processo sem medo e com mais segurança. “As transformações não são somente externas. Ela também esta passando por um amadurecimento cerebral. E é normal em alguns casos os pais acharem que a filha é muito nova, mas comece aos poucos a falar sobre isso, ela entenderá”, explica.
Para as mães, uma dica dada pelo ginecologista é relembrar quando, onde e como foi sua primeira menstruação. “O que poderia ter ajudado a passar melhor por esta fase? O que piorou a situação? A partir disso, você já terá um ótimo roteiro em mãos, calcado na experiência real de sua vida”, complementa o médico.
Na maioria das vezes, a primeira menstruação ocorre entre os 10 e 14 anos e o tema já pode ser abordado quando ocorrerem as primeiras mudanças fisiológicas, evitando assim que a menina seja apanhada ‘desprevenida’. “Quando surgir as primeiras modificações nos mamilos, por volta dos 8 a 10 anos, você terá cerca de 2 anos para preparar sua filha para este rito de passagem que é a menstruação”, alerta o ginecologista.
Em alguns casos, um médico ginecologista pode colaborar neste processo. “Muitas meninas tem vergonha de ir ao médico. É mais fácil conversar sobre o assunto com quem elas já tenham um vínculo de confiança. Por isso, a presença dos pais nesta fase, para orientar e conversar sobre o assunto, de forma simples, é muito benéfico para elas”.
A estimativa é que 70% das adolescentes apresentem algum sintoma menstrual no início dos ciclos. São situações como cólicas fortes e frequentes, fluxo de sangramento por mais de 7 dias, ciclos irregulares ou outras situações que atrapalhem a rotina. Nestes casos, é indicado procurar um médico. “Caso a primeira menstruação não ocorra até os 14 anos, também é indicado procurar um médico para investigação. Apesar de ser mais comumente entre os 10 e 14 anos, ela também pode chegar logo aos 8 anos ou apenas surgir mais tarde, até aos 16”, finaliza o médico.
Via | Érico Duarte Izaias
- Médico Ginecologista formado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
- Pós-Graduado em Ultrassonografia Fatesa-Ribeirao Preto – SP
- Pós-Graduado em Cirurgia Minimamente Invasiva – Beneficência Portuguesa -SP
- Pós-Graduado em Constelações – Relações Humanas Sistêmicas
- Pós-Graduando em Medicina Integrativa – Hosp Albert Einstein – SP
- Pós-Graduando em Estilo de Vida e Coaching de Saúde – Hosp Albert Einstein – SP