Método polêmico é usado por uma certa quantidade de pais, o que leva alguns institutos a investir em pesquisas sobre a prática nada ortodoxa, que vem se mostrando eficaz. Pesquisador de microbiomas norte-americano explica por que o excesso de limpeza estimula as alergias

Um estudo divulgado na sexta-feira (16) pelo Sistema de Saúde Henry Ford, de Michigan (EUA), atesta que bebês cujos pais lambem a chupeta para limpá-la apresentam nível mais baixo do anticorpo Imunoglobulina E por volta dos 10 meses até os 18 meses de idade. O IgE está ligado ao desenvolvimento de alergias e asma.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores perguntaram a 128 mães diferentes como elas limpavam a chupeta de seu bebê. Dessas 128, 53 disseram que limparam com água e sabão; 30 disseram que a esterilizavam usando a máquina de lavar louça ou a água fervente, enquanto 9 disseram que chuparam a chupeta para limpá-la.

O estudo não sugere que os pais chupem a chupeta para prevenir o desenvolvimento de alergias ou asma do próprio filho, mas que bebês podem receber bactérias orais saudáveis quando uma chupeta é limpa dessa maneira. “Embora não se possa dizer que exista uma relação de causa e efeito, podemos afirmar que os micróbios a que uma criança está exposta no início da vida afetarão o desenvolvimento de seu sistema imunológico ”, diz Eliane Abou-Jaoude, MD, alergista e principal autora do estudo ao site da instituição.

Os resultados são compatíveis com os de um estudo sueco de 2013, que relatou uma associação entre pais que lambem a chupeta do bebê com um risco reduzido de desenvolvimento de alergia.

O pesquisador de micróbios norte-americano Jack Gilbert já defendia prática parecida no livro Dirt is Good (“sujeira é bom”, em tradução livre), publicado em 2017 e ainda sem versão brasileira. Segundo ele, em alguns casos não é necessário nem lavar; a criança pode levar a chupeta de volta à boca. “Dessa maneira, ela vai ser exposta a micróbios e até a algum tipo de sujeira, o que vai estimular e treinar seu sistema imunológico”, disse em entrevista sobre o assunto a uma rede de tevê norte-americana. Em palestra para o TedX, ele explica que é preciso ter um equilíbrio entre a higienene que protege de doenças e a exposição saudável a um mundo rico e diverso de micróbios. “A criança que nasce de parto normal recebe bactérias do canal vaginal da mãe; a que nasce de cesariana, recebe as da pele. São dois jeitos completamente diferentes de obter uma cultura inicial de bactérias, que afeta a nossa saúde”, concluiu.

Fonte | Revista Crescer
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