Entra ano, sai ano, e costumeiramente são poucas as coisas que mudam na rotina do pacífico povo brasileiro – ou, se muda, quase sempre é para pior. Mas muitos não se dão conta disso, anestesiados que estão por questões minúsculas ou maiúsculas que, no fim das contas, tornam sua vida uma grande roleta nessa montanha russa de qualidade suspeita e segurança duvidosa.

Na verdade, tem sido assim há décadas, passando de geração a geração o inconformismo que não convence, a revolta que não dá em nada e as reuniões/manifestações explícitas ou veladas que acabam por não trazer mudança alguma ao status quo, ou historicamente acabam em pizza, ou samba.

Por falar em samba, graças ao som sedutor advindo da Sapucaí, o ano está para, enfim, se iniciar no País do Carnaval. Isso mesmo! Se tradicionalmente a virada de ano é celebrada na madrugada do dia 31 de dezembro para o dia 1° de janeiro, na prática, na mente e na boca dos brasileiros e das brasileiras, maiores ou menores, o ano só tem início “de verdade”, veramente, depois que as cuícas, os reco-recos e os demais integrantes das baterias das escolas de samba entram em ação.

Ora, uma nação que vive fissurada em festejos diversos, ansiosa por (novos?) eventos esportivos e obcecada por alienantes programas televisivos, mas pouco inspirada a falar de (e fazer) política de qualidade, educação que funciona, segurança eficiente e tantos outros assuntos considerados espinhosos não pode ser considerada um país sério, não é mesmo?

No caso da educação, e mais especificamente na área do ensino-aprendizagem de idiomas, chega a ser hilário (embora eu prefira encarar isso mais como uma piada de mau gosto) o fato de language students de todos os níveis, idades, gêneros e classes sociais não mais se dedicarem ao estudo do idioma-alvo (que quase sempre é o inglês, of course!) entre um período letivo e outro. E tal dedicação é menor ainda quando o período a que nos referimos engloba os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Ou seja, eles só vêem a “necessidade” de estudar se houver a obrigatoriedade de ir à sua tradicional aula semanal. Caso contrário, eles se eximem do contato constante com o seu (caro!) material didático e só religam o botão start no cérebro depois das festividades protagonizadas pelo Momo, por pierrôs e columbinas.

A sedução das ruas e avenidas (nem que sejam em festas televisionadas) não dá a mínima chance à “chatice” ou “mesmice” da sala de aula ou da clausura caseira na busca/luta pelo conhecimento. A certeza depositada na filosofia do “depois eu recupero” o conteúdo perdido ou a aula cabulada torna o processo de aprendizagem mais íngreme e mais longo, seja qual for a disciplina em questão, e provavelmente irá gerar frutos menores, com qualidade discutível.

Não me entenda mal! Exageros de parte a parte devem ser evitados. Ou seja: nem estudar demais e nem carnavalizar de menos. O ideal mesmo seria encontrar um meio termo nessa aparente dualidade. O que não me parece impossível de ser feito. Agora, no período carnavalesco, se a opção for estar num local isolado, tranquilo e revigorante, nada impede também que se dê uma olhadinha nos livros e anotações feitas durante as aulas de línguas de vez em quando. Afinal, num dia de aproximadamente 24 horas, mormente nas férias, será que não dá para fazer de tudo um pouco, inclusive get back to your English studies?

Fica a dica…

Fonte | Jerry Mill-Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), membro-fundador da Academia Rondonopolitana de Letras (ARL), conselheiro da ALCAA (Associação Livre de Cultura Anglo-Americana) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis

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