As doenças cardiovasculares representam um grande ônus à saúde pública brasileira, sendo a maior causa de morte no Brasil. O impacto econômico e social das doenças cardiovasculares exige esforços de diferentes frentes do sistema de saúde, em especial no tocante ao manejo dos pacientes que apresentam fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão, diabetes ou naqueles que tiveram infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
Para apoiar o Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Israelita Albert Einstein, com o Ministério da Saúde e por meio do PROADI-SUS, realiza três estudos clínicos que buscam entender com profundidade cenários ainda desconhecidos sobre o tratamento de pacientes com doenças cérebro e cardiovasculares associadas ao diabetes tipo 2. O objetivo é obter dados e evidências para embasar novos protocolos de tratamento para o SUS.
O efeito da vacinação contra influenza para redução de eventos cardiovasculares
Com uma abordagem terapêutica inovadora, o Estudo VIP (da sigla em inglês Vaccination against Influenza to Prevent cardiovascular events after Acute Coronary Syndrome – Vacinação contra influenza para prevenção de eventos cardiovasculares após síndrome coronariana) tem como principal objetivo avaliar a eficácia da vacina contra a influenza na redução de eventos cardiovasculares futuros.
“Um estudo prévio de metanálise publicado em 2013, avaliando estudos clínicos randomizados com objetivos similares ao VIP, revelou um potencial benefício da vacinação contra influenza na redução de eventos cardiovasculares maiores. Contudo, estes estudos possuíam pouco poder estatístico para resultados confirmatórios destes achados. Deste modo, elaboramos o estudo VIP, um estudo randomizado, pragmático, multicêntrico, com a inclusão prevista de 9200 pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) em todo território brasileiro”, explica o Dr. Henrique Fonseca, líder do projeto.
O estudo irá comparar duas estratégias terapêuticas baseadas na vacina influenza, no qual um grupo utilizará da vacina influenza dose dobrada logo após a SCA, e o outro grupo realizará a vacinação com dose padrão da vacina influenza após 30 dias da SCA. No VIP, as vacinas utilizadas serão tetravalentes, que podem proporcionar maior resposta imune e proteção.
Caso apresente resultados positivos, o protocolo proposto pelo estudo VIP poderá ser rapidamente levado ao SUS, por meio do Programa Nacional de Imunização-PNI, um dos maiores e mais eficientes programas de imunização do mundo.
Esta abordagem terapêutica proposta pelo estudo VIP poderá ter grandes impactos positivos ao SUS, tanto nos aspectos econômicos, quanto no manejo da população de maior risco cardiovascular, além de ser uma terapia de baixo custo.
Estudo avalia qual a pressão arterial ideal para portadores de diabetes ou que sofreram acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi)
A hipertensão arterial é dos principais fatores de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um dos fatores que pode causar complicações em pacientes com diabetes tipo 2, mas atualmente não existem direcionamentos precisos sobre o nível de pressão arterial ideal em pacientes com diabetes, nem em pacientes que tiveram um AVC.
Por isso, os estudos OPTIMAL-DIABETES e OPTIMAL-AVC avaliam o impacto de um controle mais rígido da pressão arterial para portadores de diabetes tipo 2 ou que sofreram AVC. “Em suma, estes estudos responderão à pergunta: qual é o nível de pressão arterial benéfico para essas populações?” explica a Dra. Karla Espirito Santo, cardiologista e líder do projeto OPTIMAL-DIABETES no Hospital Israelita Albert Einstein.
A Dra Gisele Sampaio, neurologista e líder do projeto OPTIMAL-AVC adiciona “Além de determinar que níveis pressóricos se associam a um menor risco de morte e complicações cerebrais e cardiovasculares, esses estudos também têm impacto econômico e social na vida dos pacientes, pois muitos deixam de fazer parte da população economicamente ativa por pararem de trabalhar devido às complicações e sequelas trazidas por essas doenças.”
Os estudos OPTIMAL-DIABETES e OPTIMAL-AVC são conduzidos seguindo uma metodologia randomizada – com grupos escolhidos de forma aleatória – e é estimado que os primeiros resultados sejam disponibilizados em 2024, com mais de 16 mil pacientes do SUS monitorados e avaliados ao todo.
Esse acompanhamento, feito em mais de 40 centros parceiros da iniciativa em todo o Brasil, ocorre com a prescrição de medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial e visitas clínicas periódicas, que avaliam a ocorrência de novos eventos cardiovasculares e a evolução das doenças preexistentes.
Referências
Sobre o PROADI-SUS
O PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde) foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS (Sistema Único de Saúde) por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Sírio-Libanês e Beneficência Portuguesa. O PROADI-SUS é mantido com recursos da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se: redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse: https://hospitais.proadi-sus.org.br
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