Dor de cabeça, febre alta, vômito, esses eram alguns dos sintomas do filho de Andressa Cristina dos Santos, 32, moradora do Pedra 90, em Cuiabá. A mulher conta que o menino, de 9 anos, começou primeiro a reclamar de dores no corpo e, logo em seguida, vieram os outros sintomas que acenderam o alerta. ‘Levei ele à policlínica e, depois, o exame confirmou para dengue’, conta.
O risco de perder o filho fez Andressa e toda a família a redobrarem ainda mais os cuidados no combate ao mosquito Aedes aegypti, causador da doença. ‘Vistoria no quintal é rotina na minha casa. Um mosquito quase tirou meu filho de mim. As pessoas não levam o assunto a sério, mas vidas estão em jogo’, diz.
Francisca Assis, 45, conta que, na casa dela, três pessoas tiveram dengue. Ela mora em Rondonópolis, uma das cidades com mais notificações da doença. A filha, o marido e Francisca foram diagnosticados com dengue. ‘Não tem nem como descrever o quanto essa doença é perigosa e quanto mal nos causa. Precisamos estar sempre em alerta’, reforça.
O levantamento da SES revelou que, de janeiro até a terceira semana de março, foram mais de 17,5 mil notificações por dengue, uma taxa de 523 casos a cada 100 mil habitantes. Em comparação com mesmo período do ano passado, houve um aumento de 333% nas notificações.
Em 2019, foram pouco mais de 4 mil, com taxa de 120 casos a cada 100 mil. O Estado é considerado de alto risco de incidência para a doença. Também em alto risco está, além de Rondonópolis, o município de Sinop.
Os casos na cidade no norte do Estado saíram de 464 para 3,2 mil crescendo em 602%. Atualmente, Sinop tem uma incidência de 2,3 mil casos a cada 100 mil pessoas. No caso de Rondonópolis, o aumento de notificações foi de 776%, saindo de 89 para 780. Na cidade, são 350 casos por 100 mil pessoas.
Coordenadora da Vigilância de Zoonoses de Cuiabá, Alessandra Carvalho reforça a necessidade em fazer do combate à dengue uma rotina. Ela destaca que, em apenas 10 minutos, o cidadão pode manter o quintal livre de criadouros. ‘Agindo uma vez por semana a população interfere no desenvolvimento do vetor, cujo ciclo de vida, da postura do ovo ao mosquito adulto, leva de 7 a 10 dias’, confirma.
Alessandra enfatiza que são medidas simples que podem salvar vidas. A limpeza do quintal, manter depósitos de água devidamente tampados, limpar as calhas e armazenar garrafas e outros recipientes que possam acumular água de “bocapra baixo”. Destacando que 80% dos criadouros do mosquito estão nas residências, lembra a importância do envolvimento da população.
Mato Grosso registrou, neste ano, 243 notificações de zika vírus, 7,3 casos a cada 100 mil pessoas. Os registros de chikungunya chegaram a 462, uma incidência de 13,8 a 100 mil. Entre as mortes por dengue confirmadas em Mato Grosso está a da estudante de fisioterapia Andressa Monalisa de Oliveira, 24, em Lucas do Rio Verde. Andressa morreu no dia 11 de março, após ser internada numa unidade particular com suspeita da doença. A confirmação ocorreu no dia 21 de marçoo. A cidade de Sinop aparececom mais casos, apresentando duas mortes confirmadas e uma em investigação.
Fonte | Gazeta Digital