Expectativa é que acusada seja ouvida nesta segunda-feira (30). Júri já é o mais longo da história do DF.

O sétimo dia do julgamento de Adriana Villela, de 55 anos, marcou o fim dos depoimentos das últimas duas testemunhas convocadas por defesa e acusação. Ao todo, 24 pessoas foram ouvidas, entre policiais, especialistas e parentes e amigos da ré e de outros envolvidos no caso.

A arquiteta é acusada de ser a mandante do assassinato do pai, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela; da mãe, Maria Villela; e da empregada da família, Francisca Nascimento. O caso ocorreu em 2009 e ficou conhecido como “crime da 113 Sul”.

O júri de Adriana Villela já é o julgamento mais longo da história do Distrito Federal. A sessão se estende há 74 horas.

Neste domingo (29), foram ouvidas duas testemunhas de defesa: o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Gordilho e o perito criminal Sami Jundi (veja detalhes abaixo). O primeiro era amigo do casal Villela e o segundo comentou evidências que fazem parte do processo.

Adriana Villela no 4º dia de julgamento em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

Adriana Villela no 4º dia de julgamento em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

Nos oito dias de julgamento, foram ouvidas as seguintes testemunhas:

Acusação:

  1. Mabel de Faria: delegada aposentada e ex-chefe de uma divisão da Corvida responsável pela última fase da investigação;
  2. Felipe Maia Ximenes: policial civil do DF;
  3. Renato Nunes Henriques: delegado da Polícia Civil de Minas Gerais;
  4. Michele da Conceição Alves: filha de Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde moravam os pais de Adriana Villela e um dos condenados pela execução do crime
  5. Luiz Julião Ribeiro: delegado aposentado e ex-chefe da Corvida, que investigou o caso;
  6. José Ribamar Campos Alves: irmão do ex-porteiro do prédio dos Villela
  7. Ecimar Loli: ex-delegado de uma divisão da Corvida;
  8. Rodrigo Menezes de Barros: papiloscopista.

Defesa:

  1. Rosa Massuad Marcelo: amiga da mãe de Adriana, Maria Villela;
  2. Enio Esteves, ex-cunhado de Adriana;
  3. Geraldo Flavio de Macedo Soares: atuou como advogado de Leonardo Campos, o ex-porteiro do prédio;
  4. Regina Batista Lopes de Luna, conheceu Adriana em um grupo de terapia;
  5. Elimar Pinheiro do Nascimento, professor de mestrado de Adriana Villela;
  6. Marcos Menezes Barberino Mendes: primo de Adriana;
  7. Célia Barberino Mendes Sena: tia da Adriana Villela, irmã da mãe da acusada;
  8. Alexandra Reschke: amiga de Adrina;
  9. Juliano de Andrade Gomes, perito do Instituto de Criminalística da PCDF
  10. Francisco das Chagas Leitão, amigo de Adriana Villela
  11. Graziela Ayres, amiga de Adriana Villela
  12. Livino Silva, ex-companheiro de Adriana Villela
  13. André Espírito Santo, delegado aposentado
  14. Ronei Alves, conheceu Adriana em uma cooperativa de catadores de recicláveis;
  15. Pedro Gordilho, amigo do casal Villela
  16. Sami Jundi, perito criminal

O júri continua nesta segunda-feira (30), com a leitura de peças por acusação e defesa. Nessa etapa, as duas partes apresentam aos jurados provas colhidas durante as investigações e depoimentos de pessoas que não foram convocadas a testemunhar no julgamento.

A expectativa é de que Adriana Villela preste depoimento também na segunda-feira.

O que disseram as testemunhas

  • Pedro Gordilho, ex-ministro do TSE

Amigo do casal Villela, ele afirmou que nunca viu momentos de agressividade entre a filha e os pais e que não acredita na participação de Adriana no crime.

“Todos os amigos que conviveram com o José Guilherme e são meus amigos até hoje, nenhum desses amigos teve qualquer desconfiança sobre o comportamento de Adriana diante dessa tragédia”, afirmou.
  • Sami Jundi, médico legista e perito criminal

Trazido pela defesa, o especialista fez uma apresentação e mostrou aos jurados diversas evidências colhidas durante as investigações. Segundo ele, as provas indicam que o crime foi um latrocínio e que os executores dos homicídios entraram no apartamento com a intenção de roubar.

Durante a apresentação, o perito mostrou fotos da cena do crime, inclusive dos corpos das vítimas. Nesse momento, os parentes do casal Villela e de Francisca Nascimento que estavam no local foram convidados a se retirar para serem poupados das cenas fortes. Adriana Villela foi uma das pessoas que deixou a sessão.

Entenda o caso

Adriana Villela, de 55 anos, é ré por triplo homicídio. No dia do crime, no sexto andar do bloco C da 113 Sul, quadra nobre de Brasília, foram assassinados:

  1. O pai dela, José Guilherme Villela, 73 anos, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com 38 facadas;
  2. A mãe dela, Maria Carvalho Mendes Villela, 69 anos, advogada, com 12 facadas;
  3. A empregada doméstica da família, Francisca Nascimento da Silva, 58 anos, com 23 facadas.

Os corpos foram achados, já em estado de decomposição, em 31 de agosto de 2009, na Asa Sul. A perícia demonstrou que as vítimas foram assassinadas em 28 de agosto de 2009, por volta das 19h15.

Maria Carvalho Mendes Villela e José Guilherme Villela, mortos em 2009 em apartamento na Asa Sul — Foto: Arquivo pessoal

Maria Carvalho Mendes Villela e José Guilherme Villela, mortos em 2009 em apartamento na Asa Sul — Foto: Arquivo pessoal

Adriana sempre negou todas as acusações. A defesa dela argumenta que o “processo é uma distorção psicológica feita pelo Ministério Público”. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, alega que uma “linha do tempo” feita pela defesa comprova todos os passos da acusada no dia do crime.

Já o MP sempre disse ter convicção de que Adriana esteve na cena do crime e foi a mandante dos três assassinatos. Para a acusação, ela tinha desentendimentos com os pais por causa de dinheiro, e essa seria a motivação dos crimes.

Em 2013, três homens foram condenados pela execução dos homicídios. Somadas, as penas de Leonardo Campos Alves, Paulo Cardoso Santana e Francisco Mairlon Barros Aguiar passam de 177 anos de prisão.

Fonte | G1

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