TDAH e antecipação de resposta impulsiva: Por que a inteligência não é revelada claramente

TDAH e antecipação de resposta impulsiva: Por que a inteligência não é revelada claramente

Estudo publicado pela Atena Editora na revista científica International Journal of Health Science pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com o psicanalista Adriel Silva, aponta que a impulsividade mascara o verdadeiro potencial intelectual de pessoas com TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos distúrbios neurocomportamentais mais prevalentes no mundo, afetando milhões de pessoas desde a infância até a vida adulta.

Tradicionalmente descrito pela tríade de sintomas, (desatenção, hiperatividade e impulsividade), o transtorno vai muito além de dificuldades de comportamento, refletindo uma complexa disfunção nos circuitos cerebrais responsáveis pelo controle da atenção, pelo planejamento e pela inibição de respostas.

De acordo com o estudo  publicado pela Atena Editora na revista científica International Journal of Health Science pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com o psicanalista Adriel Silva, essa dinâmica gera um efeito preocupante: a subestimação do potencial intelectual dos indivíduos diagnosticados.

“O problema não está na ausência de inteligência, mas na forma como a impulsividade e a disfunção da memória de trabalho dificultam que esse potencial seja revelado claramente”, explica o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.

Quando a impulsividade esconde o raciocínio
A pesquisa mostra que a antecipação de respostas impulsivas e os déficits de memória de trabalho (habilidade responsável por manter e manipular informações em tempo real) prejudicam a expressão das capacidades cognitivas.

O resultado é um comportamento que pode ser confundido com desorganização ou até mesmo com baixa inteligência, quando na realidade trata-se de um bloqueio no processamento neural.

“É um erro interpretar esses indivíduos como menos capazes. O que acontece é que, em muitos momentos, a resposta chega antes da reflexão, e isso distorce a percepção sobre seu verdadeiro desempenho intelectual”, destaca o psicanalista Adriel Silva.

As bases neurobiológicas do fenômeno
O trabalho revisa achados de neuroimagem e genética para explicar o mecanismo por trás do fenômeno. O córtex pré-frontal dorsolateral, o tálamo e o núcleo caudado, estruturas essenciais para o raciocínio e o controle de impulsos, apresentam alterações funcionais em pessoas com TDAH, muitas vezes associadas à regulação inadequada da dopamina.

Genes como SNAP25, DRD4, DAT1 e COMT foram identificados como fatores de predisposição, interferindo na eficiência sináptica e no controle da atenção. Essas características ajudam a entender por que indivíduos com altas habilidades intelectuais podem ter sua capacidade “ocultada” pela impulsividade.

Reclassificando o potencial do TDAH
O estudo reforça que inteligência não é um constructo fixo e isolado, mas sim o resultado da integração de múltiplas redes cerebrais. Nesse contexto, o TDAH deve ser entendido como uma condição em que a expressão da inteligência é mais difícil de decifrar, mas não menos valiosa.

“Nosso objetivo é mudar o olhar clínico e social sobre essas pessoas. Precisamos de métodos de avaliação que levem em conta essa complexidade, evitando diagnósticos simplistas e promovendo intervenções que permitam o pleno desenvolvimento de suas capacidades”, conclui Adriel Silva.

Sobre Adriel Silva

Adriel Silva (Adriel Pereira da Silva) é psicanalista, escritor, pesquisador e palestrante, com formação em Física pela Unisinos e MBAs em Gestão de Projetos e Pessoas. Atualmente, cursa Psicologia na Uniftec e um mestrado em Neuropsicologia pela Universidad Europea del Atlántico. É Gestor de Projetos Científicos do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, atuando em projetos como Gifted Debate, Neurogenomic, RG-TEA, entre outros. Trabalha como Senior Technical Support na SAP Labs Latin America e foi líder de CSR por cinco anos. Membro da Mensa Brasil e do CPAH, apresenta seminários e participa de grupos de pesquisa. Possui dupla excepcionalidade, sendo superdotado e autista, e é autor de livros que exploram neurodiversidade e desenvolvimento infantil.

Sobre Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues MRSB/P0149176 é Pós-PhD em Neurociências, eleito membro da Sigma Xi – The Scientific Research Honor Society (mais de 200 membros da Sigma Xi já receberam o Prêmio Nobel), além de ser membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, da Royal Society of Biology e da The Royal Society of Medicine no Reino Unido, da The European Society of Human Genetics em Vienna, Austria e da APA – American Philosophical Association nos Estados Unidos. Mestre em Psicologia, Licenciado em História e Biologia, também é Tecnólogo em Antropologia e Filosofia, com diversas formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Dr. Fabiano é membro de prestigiadas sociedades de alto QI, incluindo Mensa International, Intertel, ISPE High IQ Society, Triple Nine Society, ISI-Society e HELLIQ Society High IQ. Ele é autor de mais de 330 estudos científicos e 30 livros. Atualmente, é professor convidado na PUCRS e Comportalmente no Brasil, UNIFRANZ na Bolívia e Santander no México. Além disso, atua como Diretor do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e é o criador do projeto GIP, que estima o QI por meio da análise da inteligência genética.

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