Dados apresentados em estudo global também mostram falha em “frear” a progressão da doença
Pela primeira vez foram apresentados os dados completos dos Estudos Evoke e Evoke+, que avaliaram o potencial da semaglutida – princípio ativo do Ozempic – na progressão do Alzheimer em 3.840 participantes de várias partes do mundo. Os resultados foram mostrados na última quarta-feira (03), durante o Clinical Trials in Alzheimer’s Disease (CTAD), em San Diego/EUA, na presença de pesquisadores de todas as partes do planeta, incluíndo o brasileiro Eduardo Zimmer, pesquisador do Hospital Moinhos de Vento e professor da UFRGS.
O estudo avaliou o potencial da semaglutida – princípio ativo do Ozempic – em 3.840 participantes do mundo. Embora os resultados da análise primária não tenham alcançado a significância estatística para o desfecho clínico principal (CDR-SB*), o estudo abre caminho para uma reavaliação dos dados e foca a atenção da comunidade científica nos resultados dos biomarcadores que, segundo comunicado oficial da Novo Nordisk – responsável pelo medicamento Ozempic –, apresentaram alterações positivas.
“O desfecho primário do estudo nos convida a um olhar crítico sobre as métricas utilizadas. Para uma doença de progressão lenta como o Alzheimer, talvez estejamos utilizando ferramentas clínicas pouco sensíveis para capturar os efeitos em um período de tempo limitado de 104 semanas. No entanto, o sinal positivo nos biomarcadores da doença de Alzheimer é um indicativo que não pode ser ignorado e precisa ser investigado”, destaca Zimmer, convidado da Novo Nordisk para participar do evento em San Diego no último dia 03/12.
A alteração em biomarcadores de Alzheimer e de neuroinflamação no grupo de indivíduos que recebeu a semaglutida sugere a necessidade de uma investigação minuciosa desses dados. A pesquisa indicou que, apesar da não confirmação da superioridade no desfecho clínico, a droga se mostrou segura e bem tolerada, mantendo um perfil consistente a ensaios anteriores. Entretanto, a semaglutida não se mostrou eficaz na redução da progressão da Doença de Alzheimer.
Dentre os novos resultados apresentados, vale destacar a redução dos níveis liquóricos de p-tau, um marcador clássico da doença de Alzheimer, e de YKL-40, um marcador de neuroinflamação. Traduzindo: a redução desses dois marcadores sugere que a semaglutida está, em nível biológico, interferindo positivamente no mecanismo da doença de duas formas principais:
1. Reduzindo um marcador da patologia da doença de Alzheimer: a redução do p-tau indica que o tratamento pode estar reduzindo a patologia Tau – componente clássico da doença.
2. Reduzindo a inflamação: a redução do YKL-40 sugere que o medicamento pode estar diminuindo a inflamação no cérebro, um fator-chave que acelera a progressão da doença.
Em resumo, de maneira preliminar os resultados sugerem a queda nos dois biomarcadores. Isso pode ser interpretado como uma atenuação dos processos patofisiológicos do Alzheimer, mesmo que os efeitos diretos nos sintomas – o desfecho clínico principal – não tenham sido notados no período do estudo.
O resultado da análise detalhada dos biomarcadores será apresentado em março de 2026 na Dinamarca. “Essas novas análises nos permitirão entender a discrepância entre a resposta biológica e o desfecho clínico. É um bom caminho para futuras investigações, estudos de maior duração ou intervenções em fases ainda mais precoces da doença”, conclui Eduardo Zimmer.
*CDR-SB: acrônimo em inglês de “Clinical Dementia Rating – Sum of Boxes”, em tradução livre “Escala Clínica de Demência – Soma de Caixas”.
Sobre o Hospital Moinhos de Vento
Com o propósito de Cuidar das Pessoas, integrando assistência, pesquisa e educação, o Hospital Moinhos de Vento, fundado em 1927, foi o segundo hospital do país acreditado pela Joint Commission International (JCI), sendo reacreditado pela oitava vez consecutiva em 2023. Possui um dos parques robóticos multiplataforma mais diversificados da América Latina. É referência nacional em práticas sustentáveis no setor hospitalar, sendo a primeira instituição do Brasil a construir, em seu complexo, uma Central de Transformação de Resíduos. É um dos sete de referência do Brasil segundo o Ministério da Saúde e o único fora do eixo-SP a integrar o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Melhor hospital da Região Sul e quarto melhor hospital do País, de acordo com a revista Newsweek, e melhor empresa do País no segmento Saúde no Anuário Época Negócios. Recentemente, o Hospital Moinhos de Vento conquistou mais dois importantes reconhecimentos na América Latina: foi eleito pela Latam Business Conference o terceiro melhor do continente e o segundo melhor do Brasil no Top Ranking Latam Best Hospitals. Em outro ranking, elaborado pela Intellat, Moinhos foi o segundo melhor da América Latina em telemedicina e experiência do paciente. Saiba mais no nosso site e nos siga no LinkedIn e Instagram.
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