Devido aos problemas que teve no primeiro concurso, Giulyane buscou, na cidade vizinha, uma nova oportunidade de atuar na profissão que se formou.

A professora Giulyane Santana, de 25 anos, impedida de assumir uma vaga na Prefeitura de Rondonópolis, após apresentar um diagnóstico de autismo, passou em um novo concurso da Educação, desta vez em Juscimeira e tomou posse do cargo na última quarta-feira (17).

Em janeiro, foi divulgado no Diário Oficial de Rondonópolis que a profissional foi aprovada em 1º lugar na categoria de Pessoas Com Deficiência (PCD). Ela deveria assumir o cargo de professora no mesmo mês, mas a banca avaliadora considerou que ela não estava apta, pois era autista.

O caso foi parar na Justiça, que determinou uma nova avaliação para que ela tomasse posse. A prefeitura, no entanto, recorreu e, desta vez, afirmou que ela não pode assumir por “questões psicológicas não esclarecidas”.

Devido aos problemas que teve no município, Giulyane decidiu buscar outros caminhos para conseguir exercer a profissão. Moradora de Jaciara, ela procurou na cidade vizinha, Juscimeira, uma nova oportunidade, para o mesmo cargo onde havia sido barrada, e foi aprovada.

“Agora deu tudo certo e eu já comecei a trabalhar. Fui muito bem recebida”, ressaltou.

Atuação como professora

Giulyane contou que se formou em licenciatura e em ciências da natureza pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e que atua na área há mais de quatro anos em uma escola no município de Jaciara, a 140 km de Cuiabá.

Desde então, começou a trabalhar como auxiliar de desenvolvimento infantil (ADI) com deficientes auditivos, e como professora, por meio de contratos temporários. Ela afirma que já passou em outros concursos, como Polícia Militar (PM) e cargos técnicos, mas que tem o sonho de atuar na educação.

“Desde os meus 18 anos eu estudo para ser professora. Eu me apaixonei pela área da educação, eu vi que ali estava a chave para uma transformação do mundo. Tenho alunos autistas e eu não quero que eles passem por isso e nem se vejam como pessoas incapazes”, relatou.

Relembre o caso

Segundo o defensor público Valdenir Pereira, o resultado da avaliação da Prefeitura de Rondonópolis foi baseado em um trecho do laudo médico encaminhado pela própria candidata, que dispõe que ela “evite lugares muitos cheios, se possível (em situações de interação social que não agreguem ou que não considerem prazerosas como festas cheias, bailes etc.)”.

Após o resultado, a candidata ingressou com um recurso administrativo no dia 23 de janeiro, julgado improcedente no dia 26 do mesmo mês pelo município. No entanto, conforme a ação da Defensoria, o laudo emitido pela psiquiatra foi interpretado de forma errônea.

Em entrevista ao g1, Giulyane contou que quando passou pela perícia, o médico responsável disse que ela estava apta, no entanto, após sair da sala, a resposta mudou. Segundo ela, enquanto aguardava pelo documento de liberação, uma assistente social disse que ela não estava mais apta para o cargo.

A candidata ainda alega que, quando questionou se haveria alguma diferença caso ela tivesse se inscrito na categoria de ampla concorrência, uma das responsáveis no local teria dito para a jovem que não, pois ela tem ‘cara de autista’.

Via | G1 Foto | Reprodução

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