Cris Zanata, pesquisadora de gênero e diversidade, explica como impor mais limites para alavancar seu rendimento profissional

Mulheres são, no geral, consideradas mais dóceis, gentis e abertas a demandas. Isso pode impactar muito sua qualidade de vida, sobretudo no ambiente corporativo. A falta de imposição de limites, que acompanha as outras características, pode acabar causando maior estresse e sobrecarga no trabalho e, interferir assim, em sua produtividade no mundo profissional.

A ideia de que as mulheres são mais receptivas à demanda se trata de uma construção social criada no imaginário popular ao longo de muitos anos. “Nos foi contada uma história de que somos mais fracas, mais submissas, mais dóceis e que se não nos posicionarmos desta maneira não somos consideradas ‘mulheres'”, diz Cris Zanata, pesquisadora de gênero e diversidade.

Todo o contexto histórico de mulheres mais propensas ao espaço doméstico e ao status de obediência e submissão aos homens impacta diretamente a maneira que a mulher é vista pela sociedade atualmente, incluindo o ambiente corporativo, mesmo que isso não seja mais uma verdade social.

“Uma mulher que não segue o padrão estabelecido historicamente, sendo mais assertiva ou menos dócil é julgada no trabalho como uma mulher agressiva, sempre trazendo o lado negativo de seu posicionamento. O que não acontece com o homem”, ressalta Cris.

No entanto, é mais do que necessário entender que impor limites é preciso. “Quando as mulheres conseguem estabelecer limites e priorizar tarefas, elas podem se concentrar nas atividades mais importantes e executá-las com mais eficiência. Isso reduz a sobrecarga de trabalho, diminui o estresse e permite um foco maior na qualidade das tarefas, resultando em maior produtividade”, afirma a pesquisadora.

E como colocar isso em prática? De acordo com Cris, é necessário conhecer seus limites e se priorizar. “As mulheres devem adotar estratégias como definir metas claras, gerenciar seu tempo eficazmente e se comunicar com assertividade com sua liderança, mostrando suas necessidades e desafios”.

“Elas podem explicar seus compromissos atuais, suas prioridades e a necessidade de manter um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. É importante comunicar essas limitações de forma proativa e construtiva. Existem pesquisas que demonstram que para a mulher é muito difícil falar sobre algo quando ela está solicitando este algo para ela mesma. Neste caso, a sugestão é que a mulher imagine que aquela solicitação seja para outra pessoa e não para ela”, complementa Cris. 

Outras dicas práticas são:

  • Parar de querer controlar todos o tempo todo;
  • Usar pausas estratégicas durante uma reunião ou uma discussão para ajudar a organizar o seu pensamento;
  • Estabelecer prioridades;
  • Pedir ajuda.

Fundadora do InsAB (Instituto de Alterismo do Brasil), Cris traz os conceitos de generosidade alterista como um meio de ajudar a entender ainda mais como você pode e deve impor limites no trabalho.

“A generosidade alterista, que é definida por você aprender a colocar limites na generosidade, é ferramenta para olhar para você e aquilo que faz sentido na sua vida. É uma prática de doação consciente, onde você ajuda as outras pessoas, mas sem prejudicar as suas decisões e seus próprios interesses. Ela pode ser valiosa no ambiente corporativo, pois dizer não também ajuda muito para que você foque naquilo que é relevante para o seu trabalho, vida pessoal ou projeto profissional”, finaliza.

Via | Cris Zanata: Fundadora do Instituto de Alterismo do Brasil (InsAB), Conselheira de diversidade, equidade e inclusão na RSU Lixo Inteligente e mestranda em Gênero e Diversidade pela Universidade de Oviedo, na Espanha. Trabalhou durante 18 anos em cargos de liderança em Big Four e empresas do setor privado na área de impostos aduaneiros e logística, alcançando o cargo de diretora global de logística em uma empresa de energia renovável espanhola. Atualmente é pesquisadora sobre inovação social, equidade de gênero e generosidade nas organizações e facilitadora em projetos realizados por Carlotas na Alemanha para mulheres migrantes. Foto | Unsplash

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