Na tarde de 14 de outubro ocorrerá um eclipse solar anular, ou anelar, também conhecido como “anel de fogo”, que poderá ser observado numa faixa estreita do nosso país, em algumas cidades dos estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.  Das capitais, apenas em João Pessoa (PB) e Natal (RN) será possível observar o eclipse anular do Sol. As demais localidades do nosso país assistirão apenas a um eclipse parcial do Sol. Quanto mais próximo à faixa em que acontecerá o eclipse solar anular maior será o disco solar eclipsado. Em Manaus (AM) e Recife (PE), por exemplo, o eclipse do Sol será parcial, mas o disco do Sol ficará bastante obscurecido.

Num eclipse solar a Lua – na fase nova – posiciona-se entre a Terra e o Sol produzindo uma sombra numa pequena faixa da superfície terrestre ao obstruir a passagem da luz solar. Isso só ocorre quando há um alinhamento (ou quase) entre a Terra, a Lua e o Sol. Na parte mais escura da sombra, a umbra, onde a luz solar é totalmente bloqueada, acontecem os eclipses solares totais e os eclipses solares anelares. Na sombra mais clara, a penumbra, onde a luz do Sol é parcialmente bloqueada, acontecem os eclipses solares parciais.

Por que acontece um eclipse solar anular e não um eclipse solar total? A trajetória da Lua ao redor da Terra não é um círculo, mas uma elipse com a Terra num dos focos.  O tamanho da Lua continua o mesmo, porém, quando está no perigeu, mais próxima ao nosso planeta, nós a vemos maior.  Quando um eclipse solar acontece com a Lua aparentemente maior, no perigeu, acontece um eclipse solar total, porque o disco da Lua consegue cobrir totalmente o disco do Sol possibilitando a observação da coroa solar. Quando acontece um eclipse solar com a Lua no apogeu, mais distante `da Terra, ela nos parece menor e não consegue cobrir totalmente o disco solar deixando a borda do Sol brilhando, o “anel de fogo”.

Um eclipse solar, tanto o total quanto o anular, é visível apenas numa estreita faixa do nosso planeta. Por isso é difícil observar esses eclipses. Porém, a fase parcial de um eclipse do Sol é vista numa área maior.

Quem quiser observar o eclipse anular do Sol no próximo dia 14 deve pesquisar as condições climáticas da região escolhida. Quem não for dos estados citados considere   observar o fenômeno em alguma cidade do Amazonas. Quanto mais a oeste estiver a localidade, mais fácil será observar o eclipse solar anular.

Algumas cidades do Amazonas que poderão observar o “anel de fogo”: Tamandaré, Tefé, Marauá, Santa Luzia, entre outras.

No Pará: São Félix do Xingu, Sapucaia e outras.

Em Tocantins: Araguaína, Santa Fé do Araguaia e outras.

No Maranhão: Balsas, São João do Paraíso e outras.

No Piauí: Oiticica, São José do Peixe e outras.

No Ceará: Brejo Grande, Juazeiro do Norte  e outras.

No Rio Grande do Norte: Natal, Caicó e outras.

Em Pernambuco: Vila de Fátima, Santa Terezinha e outras.

Na Paraíba: João Pessoa, Campina Grande, Farinhas e outras.

Na impossibilidade de citar todos os locais em que o eclipse solar anular poderá ser observado, apenas algumas cidades foram citadas. Em Mato Grosso e Rondônia só o eclipse parcial do Sol poderá ser observado. Todas as localidades desses estados observarão o eclipse solar parcial, porém, só algumas são citadas.  Cidades de Mato Grosso mais ao norte, como Alta Floresta, Guarantã do Norte e Aripuanã, entre outras, observarão um maior escurecimento do disco solar durante o eclipse parcial, porque estão mais próximas à faixa onde será possível observar o “anel de fogo”.   

A faixa em que o “anel de fogo” é observado cruza o Amazonas, e várias cidades desse estado poderão observar o eclipse anular do Sol. Manaus “quase” consegue observar a anularidade: o disco do Sol ficará bastante obscurecido, mas o “anel de fogo” não ficará completo. Recife terá uma situação similar.

Um eclipse solar anular começa com um eclipse parcial, depois, torna-se um “anel de fogo” que dura apenas alguns minutos. Após a anularidade há um outro eclipse parcial até o final do eclipse. Em algumas cidades do nordeste o Sol irá se por antes que o segundo eclipse parcial termine.

Tanto os horários dos eclipses do Sol quanto as figuras apresentadas neste texto foram obtidas utilizando o sítio timeanddate.com.  Abaixo estão descritos o início do eclipse do Sol -o primeiro parcial; o máximo do eclipse anular – ou do parcial, quando não houver eclipse anular, e, o fim do eclipse solar. A última informação é o valor da magnitude do eclipse solar multiplicado por 100. A magnitude de um eclipse é a fração do diâmetro do disco do Sol que fica coberto pela Lua. Fornece uma ideia do escurecimento do Sol. Porém, há quem prefira usar a fração da área do Sol que é coberta pelo disco da Lua; chamam essa fração de “obscurecimento”. Os valores são ligeiramente diferentes, mas ambos fornecem uma informação de quanto o Sol ficará eclipsado.

Algumas  cidades de Mato Grosso: Eclipse Parcial do Sol

CidadeInícioMáximoFimMagx100
Cuiabá14h1215h3816h5270,3
Água Boa (horário local)15h1616h4117h5476,0
Alta Floresta14h0115h3416h5186,4
Aripuanã13h5115h2616h4885,8
Guarantã do Norte14h0315h3416h5287,1
Juína13h5915h3116h5180,8
Rondonópolis14h1615h4016h53        68,3
Sinop14h0615h3616h5281,1

Algumas  cidades   de Rondônia : Eclipse Parcial  do  Sol

CidadeInícioMáximoFimMagx100
Porto Velho13h4315h2116h4584,4
Guajará-Mirim13h4815h2416h4677,8
Ji-Paraná13h5215h2616:4880,4
Vilhena13h5915h3116h5076,4

Algumas  cidades   do Amazonas  (Manaus: eclipse parcial; as outras, “anel de fogo”)

CidadeInícioMáximoFimMagx100
Manaus13h4015h1916h4392,8
Tamandaré13h1615h0116h3396,6
Marauá13h2615h0916h3897,0
Tefé13h2915h1116h4097,4
Santa Luzia13h4515h2216h4696,9

Algumas cidades que poderão observar o “anel de fogo”:

LocaisInícioMáximoFimMagx100
Pará    
São Félix do Xingu15h0416h3417h5196,7
Parauapebas15h0616h3517h5196,6
Tocantins    
Araguaína15h1216h3917h5296,0
Santa Fé do Araguaia15h1116h3817h5296,0
Maranhão    
Balsas15h1616h4117h5795,3
São João do Paraíso15h1316h3917h5296,2
Paraíba    
João Pessoa15h3116h4617h1394,9
Farinhas15h2816h4517h2295,6
Piauí    
Bertolínia15h2016h4217h4995,0
São José do Peixe15h2116h4317h4495,3
Ceará    
Juazeiro do Norte15h2616h4517h3095,7
Brejo Grande15h2516h4417h3295,7
Rio Grande do Norte    
Natal15h2916h4517h1395,3
Caicó15h2716h4517h2196,7
Pernambuco    
Vila de Fátima15h2816h4617h2394,9
Grosso15h2816h4617h2294,4

O próximo eclipse do Sol visível em alguma região do Brasil ocorrerá em 02 de outubro de 2024. Será um eclipse solar anular, mas, o Brasil só verá um eclipse solar parcial nas regiões mais ao sul. No Rio Grande do Sul será o melhor local para observar esse eclipse, porém, será visível em todos os estados do sul, e, com menor obscurecimento do disco solar, na região sudeste, e também, numa pequena região ao sul de Mato Grosso do Sul.

Em 06 de fevereiro de 2027 haverá um eclipse solar anular, que só será visível como anular numa minúscula região do Brasil, no extremo sul do Rio Grande do Sul, em localidades como Hermenegildo e Árvore Só. O resto do país poderá observar um eclipse parcial, exceto uma faixa no oeste do Amazonas onde esse eclipse não será visível. Nos estados mais a oeste, como Roraima, o obscurecimento do disco solar será mínimo, quase imperceptível.

Mas, em 26 de janeiro de 2028 a estreita faixa do eclipse anular do Sol passará novamente pelo Brasil cruzando os estados do Amazonas, Pará e Amapá. Mais uma vez, haverá um eclipse solar parcial no resto do país.

CUIDADO: De acordo com o que já escrevi anteriormente, “a observação de um eclipse do Sol sem um filtro solar apropriado pode queimar a retina e causar cegueira, ou, a destruição do campo visual. Quem não tiver um equipamento adequado não deve observar o fenômeno! Jamais use telescópios, binóculos e máquinas fotográficas sem um filtro solar para a observação de qualquer evento relacionado ao Sol.

Uma outra opção para a observação direta do disco solar – citada por vários sítios de divulgação de Astronomia – é a utilização de um vidro de máscara soldadora número 14, no mínimo. Mas, mesmo com um equipamento apropriado, não se deve observar o Sol por mais de 15 segundos por vez e é necessário intercalar mais de um minuto entre as observações.”

Via | Telma Cenira Couto da Silva, doutora em Astronomia IAG- USP e professora aposentada da UFMT Fotos | Assessoria

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