A campanha foi criada há sete anos e já arrecadou mais de 1.280 mechas de cabelo para doação

Para ajudar pessoas que sofrem com a queda dos cabelos devido ao tratamento de câncer, a consultora de imagem e empresária, Luciana Gonçalves Valente, de 43 anos, criou o projeto “Cobrindo com Amor”, em Colíder. A iniciativa coleta mechas de cabelos e doa para a confecção de perucas ao Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCANMT).

A campanha foi criada há sete anos e já arrecadou mais de 1.280 tufos de cabelo.

Luciana contou que tudo começou em um leilão de gado na cidade, quando uma mãe subiu ao palco pedindo ajuda para atender o pedido da filha, de 6 anos, que queria cortar o cabelo para doar.

“Ela subiu no palco dizendo que a filha queria doar o cabelo, então estava procurando alguém que cortasse para a menina, eu fiquei emocionada e foi aquilo que me inspirou a fazer o mesmo. Passou um tempo e eu criei a campanha, firmei um acordo com o Sindicato Rural para poder levar alguns cabeleireiros ao leilão, para as pessoas que quisessem cortar o cabelo para doar”, disse.

Para a empresária, a ação é uma forma de conscientizar e ajudar pessoas que sofrem com a consequências em decorrência da quimioterapia.

“Me sinto muito feliz realizando essa ação que pode ajudar muita gente, principalmente a mulheres, que sentem muita falta dos cabelos. O cabelo para as mulheres é tudo, então quando os fios começam a cair, acho que a autoestima desestabiliza. É muito bom poder ajudar elas a recuperarem ao menos um pouco da segurança e da vaidade”, contou.

Luciana recebe doações de janeiro a janeiro, e tira um dia do ano para vir à Cuiabá para entregar as mechas pessoalmente ao hospital.

Solidariedade

O publicitário, Júnior Beck, de 37 anos, começou a deixar o cabelo crescer quando sua avó foi diagnosticada com câncer. Nesse mês, ele cortou o cabelo após dois anos, e fez questão de entregá-lo para o projeto.

O publicitário, Júnior Beck, de 37 anos, deixou o cabelo crescer por dois anos para doar — Foto: Arquivo pessoal

O publicitário, Júnior Beck, de 37 anos, deixou o cabelo crescer por dois anos para doar — Foto: Arquivo pessoal

“Comecei a deixar crescer o cabelo para dar para minha avó, mas, como infelizmente ela não resistiu e faleceu, eu decidi continuar deixando crescer, até dar um tamanho bom para doar para outra pessoa que fosse precisar. Acredito que isso ajuda a fortalecer a pessoa, que está passando por aquele momento difícil, além de deixá-la um pouco mais feliz”, disse.

Felicidade que as amigas Eliane Del Pintor, de 43 anos e Luzinete Aparecida Lima da Silva, de 34, sentiram ao receber a doação de perucas através do HCANMT. Ambas foram diagnosticadas com câncer de mama e fizeram o tratamento da doença juntas. Para elas, as perucas foram essenciais durante o tratamento.

Eliane Del Pintor, de 43 anos e Luzinete Aparecida Lima da Silva, de 34, se conheceram durante o tratamento — Foto: Arquivo pessoal

Eliane Del Pintor, de 43 anos e Luzinete Aparecida Lima da Silva, de 34, se conheceram durante o tratamento — Foto: Arquivo pessoal

“Meus cabelos começaram a cair nos primeiros quinze dias de quimioterapia. Quando eu fui raspar a cabeça, eu não estava triste, bem pelo contrário, eu raspei a cabeça rindo, porque eu enxerguei aquele momento como o primeiro passo para a cura do câncer. Mas depois de um tempo, a gente se sente abalada, é inevitável. A peruca devolveu a minha autoestima”, ressaltou Eliane.

Por outro lado, Luzinete conta que o tratamento contra a doença deixa as pessoas mais vulneráveis e sensíveis, por isso, a doação de cabelos é essencial.

“A pessoa já está passando por esse momento difícil e ainda não tem nenhum cabelo para você sequer poder se olhar no espelho, é complicado, poucos conseguem passar por isso de cabeça erguida. Eu só tenho a agradecer as pessoas que fazem a doação, é um lindo gesto de amor”, explicou.

A pequena Sara Ramos Aires, de 4 anos, teve a ideia de doar para o hospital o Hospital de Câncer de MT — Foto: Arquivo pessoal

A pequena Sara Ramos Aires, de 4 anos, teve a ideia de doar para o hospital o Hospital de Câncer de MT — Foto: Arquivo pessoal

A menina Sara Ramos Aires, de 4 anos, filha da Gleicikely Ramos, de 35 anos, sempre teve os cabelos compridos, mas, ao decidir cortar, teve a ideia de doar para o hospital.

“No final do ano passado ela disse que queria o cabelo bem curtinho, no pescoço, para ficar igual à Branca de Neve. Como ela não mudou de ideia, nós a levamos para cortar. Quando ela me viu segurando a mecha na mão, ela falou rindo que dava de fazer uma peruca, foi daí que surgiu a ideia de doar no Hospital do Câncer, ela ficou toda entusiasmada: ‘mamãe, vamos logo lá, quero doar meu cabelo para outra criança que não tem’, agora, ela fica contando para todo mundo que cortou o cabelo e doou”, concluiu a mãe de Sara.

Como doar

Para doar é necessário ir diretamente ao Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCANMT) e procurar o setor Central de Captação (CI). Segundo o Hospital, não há restrições com químicas ou tipos de cabelo. Os únicos requisitos que o HCANMT exige, é que as mechas tenham acima de 20 centímetros, estejam secas e amarradas. As doações são recebidas de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, e aos sábados das 7h às 12h.

Via | G1   Fotos | Arquivo pessoal
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