No Brasil e no mundo, o (tímido) interesse pelo ensino e estudo da língua inglesa já era perceptível nas décadas de 1930 e 1940, mas foi somente nas duas décadas seguintes (mormente por causa dos filmes de Hollywood e das canções de Elvis Presley, dos Beatles e dos Rolling Stones, dentre tantos outros ótimos artistas da época) que tal fenômeno linguístico-cultural evoluiu para episódios de devoção e euforia, que logo deram lugar à histeria explícita nos anos 1970 (quando havia muito mais tipos de sexo, drogas e rock’n’roll à disposição). Como era de se esperar, os anos 1980 e 1990 tornaram alguns movimentos anteriores obsoletos e inauguram novas possibilidades culturais, contribuindo decisivamente com o processo de mundialização e mercantilização do idioma bretão, que passou a ser sinônimo de lingua franca dos jovens antenados com o que acontecia nos maiores centros urbanos do planeta (Londres e Nova Iorque entre eles). Tudo isso desaguou em conceitos como universalidade, portabilidade e conectividade nas duas primeiras décadas dos anos 2000. Nesse período de quase um século, no entanto, o que pouco cresceu foi o percentual de brasileiros e brasileiras que têm acesso a aulas de qualidade e efetivamente atingem o nível de conhecimento/fluência desejado tanto no campo pessoal quanto profissional. Na verdade, apesar dos tão propalados investimentos no setor, segundo estimativas que às vezes surgem aqui ou ali, cerca de 10% da população made in Brazil consegue se comunicar de maneira proficiente (eu não disse fluente!) em língua inglesa. Quanta generosidade! No entanto, seja em nosso país ou no exterior, o que se nota é que o uso da música, de filmes e principalmente da internet tem se mantido em alta entre aqueles que dizem desejar aprender idiomas, e em especial o inglês. Mas esses recorrentes produtos midiáticos transformados em recursos educacionais já não têm tido mais o mesmo apelo ou foco de antigamente. As melodias tomaram o espaço das canções, os enredos bem produzidos foram substituídos por insanidades, e as fake news, os funny short videos, os weird games e os descartáveis apps da moda é que fazem a cabeça da nossa juventude, que parece ter entre 16 e 61 anos hoje em dia. Eu tenho percebido que parte desse fenômeno midiático influencia mais negativa do que positivamente o ensino e o aprendizado de idiomas. Isso se autoexplica por causa do excesso de atividades teóricas ou alienantes compartilhadas dentro e fora das salas de aula (tradicionais ou virtuais), em detrimento do aspecto prático que deveria permear o campo da linguagem oral e escrita. Entrementes, independentemente do locus, o comportamento dos nossos aprendizes ou usuários antes, durante e depois dos (nem sempre constantes) momentos de exposição ao idioma-alvo é o fator determinante para que ele ou ela consiga ser fluente no curto ou longo prazo. Ou seja, real aprendizagem e pura diversão raramente estão juntas, gamers! Por isso, eu volto a repetir, dear reader: professores preparados e alunos determinados formam uma equação nem sempre observável nem mesmo nas carteiras das chamadas escolas de idiomas ou nas faculdades/universidades. Nesses educational centers, pais ou responsáveis acríticos deixam alguns milhares de reais a cada ano, na esperança de oferecer um futuro mais promissor aos seus young ones, através de aulas de idiomas (música, dança, etc.) ministradas em locais supostamente mais estruturados e propícios para tal fim. Talk about naivety! Well, a continuar essa tendência do nosso professorado/alunado de se dedicar a aquilo que não é prioritário nessa brincadeira série chamada ensino-aprendizagem de idiomas, eu vislumbro uma possibilidade quase nula de haver alguma melhora significativa no quadro atual. Oxalá não cheguemos à sua quase total inutilidade em alguns casos, como já é possível vislumbrar por aí…
Via  Jerry T. Mill é presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis.  Foto | Freepik
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