Muitos são os idiomas modernos que concorrem para ter palavras e expressões do seu léxico em evidência na indústria do entretenimento e do turismo, conquistando ou mantendo seu lugar cativo na cultura pop e mais especificamente no imaginário dos diferentes povos que habitam o planeta. No entanto, poucos são aqueles que efetivamente, se muito, têm incomodado a inegável supremacia do inglês na maioria das áreas mais relevantes do conhecimento ou interesse humano nas últimas seis décadas. O italiano é um deles.
Na verdade, alguns dos mesmíssimos fenômenos que ajudaram as nações anglo-americanas a galgar posições de destaque no cenário mundial em termos de influência econômica, política e militar – como a globalização e a (i)migração em determinados períodos históricos – também auxiliaram países de relevância relativamente menor a conquistar alguma atenção no cenário global, em especial no campo cultural, graças principalmente ao legado deixado pelos seus antepassados. A Itália é um deles. Para quem não sabe, a Repubblica Italiana, seu nome oficial, é uma minúscula nação localizada no centro-sul da Europa (com território equivalente ao do estado do Maranhão), herdeira direta do Império Romano, que ao longo dos séculos tem “emprestado” um número gigantesco de palavras e expressões para a língua inglesa que são de uso corrente no campo da música, da arquitetura, do teatro, da culinária, da moda, da política, da religião e dos esportes, dentre outros. É o Do inglês para o italiano  caso de ballerina, casino, cello, duo, espresso, fiasco, graffiti, influenza, lava, maestro, malaria, motto, pasta, pepperoni, risotto, scenario, soprano, stanza, vendetta e zucchini, por exemplo. Além dessas, diversas outras palavras e expressões made in Italy ganharam o mundo e um quê de universalidade, graças mormente à música, à televisão, ao cinema e à internet, como é o caso de a capella, bambino, cappice, cappuccino, ciao, diva, dolce vita, donna, ecco, graffiti, mamma mia, opera, panettone, paparazzi, piano, pizza, prego, ragazza, scuzi e va bene. Na língua portuguesa do Brasil, a propósito, há inúmeros italianismos, ou seja, aquelas palavras de origem italiana que foram incorporadas ao nosso vocabulário cotidiano, com as devidas adaptações ortográficas, of coursemente: alerta (all’erta), bisonho (bisogno), carnaval (carnevale), desenho (disegno), final (finale), lasanha (lasagna), loteria (lotteria), moçarela (mozzarella), palhaço (pagliaccio) e até mesmo truco (trucco), dentre outras. Na verdade, nem mesmo a nossa cidade e região escaparam dessa influência linguística, algo facilmente perceptível em nomes de prédios, lojas, marcas e produtos, bem como em sobrenomes de pessoas, que podem ser contados às dezenas: Apreciatta, Aviarella, Balbinotti, Bertinetti, Biaggio, Caravaggio, Cozinhare, Dominium, Faciale, Filizola, Guzzi, Habitare, Lorenzetti, Maggi, Manolo, Martinello, Milano, Napoli, Pedrolli, Pio Bella, Polato, Sachetti, Sandrini, Splendore, Stiletto, Tivoli, Todeschini e Villa, dentre outros. Há ainda os nomes ou sobrenomes de italianos (e italianas) inesquecíveis, como Leonardo da Vinci (1452-1519), Galileo Galilei (1564-1642), Michelangelo (1475-1564), Antonio Vivaldi (1678-1741), Luciano Pavarotti (1935-2007), Giacomo Casanova (1725-1798), Sophia Loren (1934-) e Laura Pausini (1974-), bem como de Guglielmo Marconi, considerado o inventor do rádio. Além deles, outra lista certamente deve incluir Ferrari, Armani, Prada, Gucci, Fiat, Pirelli, Versace, Dolce & Gabbana, TIM (Telecom Italia Media), Nutella, Laborghini, Iveco (Industrial Vehicles Corporation), Fiat (Fabbrica Italiana Automobili Torino) e Alfa Romeo (Anonima Lombarda Fabbrica Automobili + Nicola Romeo), dentre outros. Como deve ter dado para perceber, como diz aquele ditado popular, tamanho não é documento, e a influência da língua e do povo da diminuta Itália no Brasil e no mundo é veramente muito maior do que foi retratada aqui, dear reader. Ou seria melhor dizer caro lettore/cara lettrice? P.S.: O então chamado Novo Mundo foi posteriormente batizado como América por causa do italiano Amerigo Vespucci (1454-1512) – ou Américo Vespúcio, em língua portuguesa – que, assim, entrou para a história (e a geografia) de um modo, digamos, bastante original. Via |  JERRY T. MILL é presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis.
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