Diariamente a Polícia, a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros são acionados  para impedirem pessoas de se suicidarem em pontes, viadutos,  apartamentos. São pessoas que não querem “se matar” e sim “acabar” com o sofrimento. E, nesse período da pandemia da Covid-19, o isolamento, a perda da renda juntamente com o turbilhão de emoções:  ansiedade, luto, medo… tem intensificado ainda mais essa situação. Com a correria do dia dia, muitas vezes não temos tempo para olharmos para nossas emoções, quem dirá  reservar um tempo para os amigos, parentes…. a gente sempre acha que vai ter  tempo depois… mas pode ser  tarde de mais….  No dia 30 de junho, o CVV, Centro de Valorização da Vida de Cuiabá  completa 30 anos.  Nessas três décadas tem oferecido apoio emocional 24 horas  através da ligação gratuita 188. Em Cuiabá, como o CVV começou?
Era o ano de 1991, quando surgiu a ideia de ter um CVV em Cuiabá. De acordo com Ana Rosa, uma das fundadoras, a ideia foi abraçada por um grupo de voluntários da Associação Espírita Paulo de Tarso. Para saber o que era preciso o representante do CVV Nacional, Valentim Lorenzetti, esteve na Capital fez uma palestra  na FIEMT e ao final falou que quem quisesse participar do comitê de Fundação era para colocar o nome na lista e aí   formou-se uma fila enorme de pessoas interessadas.
PSV
O Programa de Seleção de Voluntários aconteceu na UFMT.  “Só tínhamos uma apostila mimeografada com quatro temas e tinha acabado de ser lançado o livro Proposta de Vida. A equipe de Goiânia nos treinava de manhã e a noite. E aí a gente repassava esse conhecimento a tarde para os novos voluntários. De 300 candidatos, 60 concluíram e se tornaram voluntários”, explica Ana Rosa.
Sede e Telefone
Começava uma corrida para arrumar  casa para funcionar como sede e a busca por telefone que na época era muito caro Ana Rosa conta que estava passando pela rua Barão de Melgaço quando viu um imóvel que daria certo para ser o CVV, a casa estava fechada. “Busquei informações e soube que o imóvel  era de um médico conhecido conversei com ele, falei do projeto e ele de pronto deu a chave. Começamos ali a limpeza e a reforma do local. Quanto ao telefone, uma voluntária conseguiu pra gente.” DESAFIOS Com  o tempo  surgiu a necessidade de ter uma sede própria, foi quando uma autoridade conseguiu R$ 50 mil reais. A casa escolhida para comprar é a que funciona como sede até hoje que fica na rua Comandante Costa, 296 no Centro de Cuiabá. Como o imóvel era R$ 60 mil, foram  realizadas várias ações de venda de pizzas para angariar recursos para completar o valor total do imóvel. SERIEDADE O CVV Cuiabá é respeitado em todo Brasil por conta do trabalho que é realizado. “É um trabalho voluntário mas pra fazer parte é preciso seguir à risca as regras.  “Me lembro que minha maior dificuldade no início foi excluir um voluntário que  era muito amigo meu. Doeu muito, mas foi preciso, o trabalho exige dedicação e se o voluntário não tem  disponibilidade ou se descumpre as regras não tem como continuar”, diz Ana Rosa. ANIVERSÁRIO “Nesses 30 anos foram muitos desafios e com muito orgulho posso dizer que vencemos todas as dificuldades. Muitas pessoas ao longo dessas três décadas fizeram questão de ajudar e nunca quiseram aparecer. Já outras pessoas só queriam ajudar se tivessem algum tipo de vantagem o que, claro, não aceitamos”, se orgulha Ana Rosa. FAV Para pagar as contas do posto como IPTU, luz, água, internet entre outras… existe a FAV Fraternidade de Apoio a Vida  que é a mantenedora. Os  voluntários ajudam com contribuições mensais e além disso, o CVV, realiza todos os anos eventos. O Bifão, por exemplo já se tornou tradicional um almoço que reúne muita gente. Mas, com a pandemia não  foi possível realizá-lo no ano passado e este ano.  Então nesse período  os voluntários venderam pizzas como forma de arrecadar recursos para manter o posto durante o ano. FALANDO SOBRE SUICÍDIO Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade. O QUE LEVA UMA PESSOA A SE MATAR? Vários motivos podem levar alguém ao suicídio. Normalmente, não é um motivo único, e sim um conjunto de situações e a pessoa tem necessidade de aliviar pressões como:  cobranças sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso, humilhação etc. QUAIS SÃO OS SINAIS QUE UM SUICIDA PODE DAR? =>A pessoa que  sempre foi alegre  passa a ficar frequentemente triste, sem vontade de fazer atividades, tá sempre desanimada e sem vontade de viver; => A pessoa não se cuida. Está sempre desleixada, não corta/arruma o cabelo, barba, usa roupa suja, velha, rasgada; => Tem atitude que demonstra não se importar com a vida. Exemplo: dirige perigosamente; => Pode ser também que a pessoa esteja pensando em cometer suicídio e ai organiza contas, testamento, passa tempo escrevendo cartas…; => “Vou me matar” A pessoa menciona que está pensando em cometer suicídio e muitas vezes esse comportamento é visto como forma de chamar a atenção. O QUE FAZER SE OBSERVAR ALGUM DESSES SINAIS? Conversar, ouvir sem julgar os pensamentos. Buscar ajuda profissional. Orientar sobre o CVV que funciona 24 horas e oferece apoio emocional QUEM ESTÁ POR PERTO PODE AJUDAR? COMO? Sim pode. É preciso perder o medo de se aproximar das pessoas e oferecer ajuda. A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Se um amigo se aproximar e perguntar “tem algo que eu possa fazer para te ajudar?”, a pessoa pode sentir abertura para desabafar. Nessa hora, ter alguém para conversar pode fazer toda a diferença. E qualquer um pode ser esse “ombro amigo”, que escuta sem fazer críticas ou dar conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir respeitando o momento e a forma de pensar desta pessoa OUTROS TRABALHOS QUE O CVV CUIABÁ REALIZA O CVV Comunidade disponibiliza diversas ferramentas para a sociedade: CVV  GASS – Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio – destinado a pessoas próximas de alguém que cometeu o suicídio e àquelas que tentaram o suicídio; CRC – Caminho de Renovação Contínua – para reflexão e troca de experiências; Cine SER CVV – exibição de filmes acompanhado de reflexões numa roda de conversa; Curso Caminho de Valorização da Vida – no qual se busca o autoconhecimento por meio do compartilhamento de vivências do dia-a-dia, com dez encontros de duas horas cada; Seminário Saber  Escutar é uma Arte – voltado para a sociedade.
Esses trabalhos  eram realizados de forma presencial, devido a pandemia, são feitos agora de  forma virtual
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. 30 anos CVV https://www.youtube.com/watch?v=XmjzkRNjOx0
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