Vivemos em tempos sombrios onde mais de 300 mil famílias estão dilaceradas com a dor da perda de um ente querido, vítima do vírus que, infelizmente, continua contaminando aos montes pelo país. A classe trabalhadora enfrenta o risco de contágio diariamente para fazer o que os brasileiros fazem de melhor: sobreviver. As dificuldades que se agigantam à nossa frente parecem ser potencializadas pela inércia do governo federal em, literalmente, socorrer aqueles que mais precisam.

Ao passo em que engrossam-se as filas de espera por pacientes que precisam de leitos de UTI, tanto na rede pública quanto privada; os ônibus que levam os trabalhadores aos seus postos de trabalho circulam por aí se assemelhando a um “recinto de confinamento de gado”, muito comum na pecuária. É uma analogia cruel e triste, porém, oportuna, visto que essa é a realidade para quem não tem outra alternativa, que não se arriscar para tentar colocar comida na mesa da família.

Os números de mortes por Covid no Brasil continuam numa ascensão implacável. Em Mato Grosso, o cenário também é caótico. Nunca antes os índices de desemprego foram tão altos e os pequenos comerciantes seguem tentando sobreviver em meio à crise sanitária e econômica, agravada, sem sombra de dúvida, pela demora na aplicação em massa da vacina.

Nesse processo todo, de crise de saúde pública e financeira, a inflação atingiu em cheio o preço dos alimentos, da cesta básica. Uma conta que simplesmente não fecha. Alguns produtos chegaram a subir cerca de 22% nos últimos doze meses. Arroz, feijão, gás de cozinha, combustíveis. A lista é grande, mas a grana do trabalhador é curta, quando tem. Aos desempregados, aos que perderam seu trabalho em meio à pandemia, uma sensação de impotência e desamparo.

O auxílio emergencial proposto pelo governo Bolsonaro à classe trabalhadora, no valor médio de R$ 250,00, não dá, infelizmente, para sequer encher a geladeira de uma família por uma semana. Além disso, a parcela da população que deve receber o benefício reduziu significativamente nos critérios estabelecidos pelo governo federal. O auxílio, que deveria amparar os mais pobres, não ampara. Não supre nem mesmo a comida à mesa.

 O que dizer de um governo que, em 2020, gastou cerca de 15 milhões de reais na compra de leite condensado (um dos itens preferidos na alimentação do presidente), mas quando o assunto é amparar a população, com auxílio que garanta ao menos a alimentação das famílias, propõe um valor ínfimo, em meio a uma crise de saúde mundial e diante da disparada dos preços dos alimentos? O que dizer de um governo que, sabe-se lá por qual motivo, retardou a compra de vacinas, que, mesmo num país sem guerra, ampliou significativamente o orçamento para as forças armadas, que privilegia determinadas áreas para investimentos, e menospreza políticas públicas que, de fato, contemplem o trabalhador?

Como sobreviver a esse cenário sem emprego, sem renda, sem amparo do poder público? Infelizmente esses são questionamentos para os quais não temos resposta. O que nos resta é resistir, é lutar, é cobrar justiça social. Isso faremos!

Via | Henrique Lopes – Presidente da CUT-MT, Secretário das Redes Municipais do Sintep-MT e Suplente de deputado estadual pelo PT.
Print Friendly, PDF & Email
(Visited 1 times, 1 visits today)