A aldeia Tadarimana, onde vivem os índios Boe Bororo, foi atingida por um incêndio na última sexta-feira (31) e teve parte da vegetação destruída. Na manhã seguinte, sábado (1°), a cidade de Rondonópolis amanheceu encoberta pela fumaça.
Marcelo Alves Terena Coguiepa, indígena da comunidade Boe Bororo, da Aldeia Tadarimana, emite nota para esclarecer a toda população que circunda a Aldeia Tadarimana sobre fumaça, ocasionada por um incêndio que não foi ocasionado pela aldeia.
Veja nota na íntegra:
É com muito pesar que compartilho esta nota, para fazer alguns esclarecimentos a toda população circunvizinhas à aldeia Tadarimana, onde vivem a comunidade indígena Boe Bororo.
Na última sexta-feira(31) do mês de julho, ocorreu um incêndio de natureza ainda desconhecido por todos nós moradores da reserva Tadarimana, onde o fogo acabou se alastrando por grande parte da reserva.
Uma das primeiras hipóteses levantada é que o fogo tenha começado de forma natural, através de reflexo refletido por algum objeto nas folhagens seca e ocasionando a queima.
No primeiro momento, nós moradores tentamos dar os primeiros combate contra o fogo, porém a falta de equipamentos dificultou os trabalhos e o mesmo começou a adentrar na mata de difícil acesso.
Tivemos o apoio da equipe de corpo de bombeiros militar de Rondonopolis-MT, no combate ao incêndio, porém não foi o suficiente.
Na manhã seguinte, a aldeia amanheceu toda fumaceada e muito provavelmente as cidades em torno da reserva Tadarimana também.
Nós indígena que sempre lutamos para garantir a proteção de nossas matas e da biodiversidade que nela existe, nos entristecemos com a consequência de uma queima de grande proporção igual a que se teve.
Além de ver toda a mata verde virarem cinzas, ainda tem que lidar com as ofensas e calúnia por parte daqueles que desconhecem nossos princípios e nosso modo de vida e principalmente da relação de cumplicidade que temos com a natureza.
A reserva Tadarimana, com certeza é o pulmão de todos nós e sem dúvida é patrimônio de todos, pelo que ela nos proporciona em qualidade de vida.
Sei que o momento é crítico, más não é oportuno achar que nós moradores da reserva, sejam os autores dessa tal barbaridade.
Pois de fato, não compactuamos com esse tipo de atitude, pois é da mata que tiramos a maior parte do nosso sustento alimentar e nossa espiritualidade está diretamente ligado à natureza;
Necessitamos da floresta para usufruir dos recursos naturais para a prática cultural no nosso dia a dia.
Não se podem criar argumentos embasado em suposições ou momentos emocional, cabe todos nós ser solidários, pois de alguma forma todos fomos prejudicado.
Como liderança indígena desta comunidade, peço a todos à compreensão, e dizer da gratidão a todos por ter dedicado uns minutos para a leitura desta nota.
Agradeço também a todos que são simpatizantes da cultura indígena e que de alguma forma defende a nossa filosofia de vida.
Att: Marcelo Alves Terena Coguiepa.
***indígena da comunidade Boe Bororo, da Aldeia Tadarimana.