Despejo de loja na Couto Magalhães é mais um passo na crise da Ricardo Eletro

Oficiais de justiça cumprem uma nova ordem de despejo na Ricardo Eletro (antiga City Lar) da Avenida Couto Magalhães, esquina com a rua Miguel Leite, em Várzea Grande, desde as primeiras horas da tarde desta terça-feira (05). Esta é a terceira ordem de despejo de uma loja a atingir o grupo desde julho deste ano.

O imóvel pertence à Treze Administradora de Bens. A justificativa é uma dívida de cerca de R$ 900 mil, relativos a 29 meses de aluguel atrasado.

A ordem judicial para desocupação do imóvel foi expedida pelo juiz Luís Otávio Pereira Marques, da Terceira Vara Cível da Comarca de Várzea Grande. No mandado de imissão de posse, assinado em 28 de outubro, ele cita que a empresa não cumpriu a ordem de desocupação voluntária do imóvel.

“Pois bem, considerando o escoamento do prazo para desocupação voluntária do imóvelsub judice, detemrino o cumprimento integral da decisão de id. 24327129, mediante imissão da autorana posse do bem, a ser cumprida com os benefícios do artigo 212, inciso 2º do CPC, com ordem de arrombamento e reforço policial, se necessário”, diz trecho da ordem de despejo.

De acordo com representantes da incorporadora, não foi necessária a presença da Polícia Militar no local. A desocupação ocorre de maneira pacífica.

CRISE

A Máquina de Vendas, dona do grupo Ricardo Eletro, está em recuperação judicial de R$ 1,9 bilhão desde janeiro deste ano. Quando ainda se chamava City Lar e tinha cerca de 30 lojas espalhadas por Mato Grosso e outras dezenas em outros estados, passou pela mesma situação, de ordem de despejo cumprida, numa de suas filiais localizadas em Cuiabá, na Rua 13 de Junho, em 2010, meses antes de ser incorporada e rebatizada.

Passou novamente pela mesma situação há três meses. Algumas lojas da rede na Capital também receberam ordem de despejo.

Conforme a ação judicial da Quarta Vara Cível da Comarca de Cuiabá, a desocupação se justificava porque a empresa tem uma dívida de R$ 700 mil. Além disso, escreveu a juíza Vandymar Paiva Zanolo, os débitos são relativos a seis meses de aluguéis atrasados.

Esse contrato de locação fora firmado em 2015 e deveria valer até 2020. O valor acertado era de R$ 177.876,57 e não vinha sendo pago desde fevereiro de 2018. A ação foi iniciada para cobrar os pagamentos de fevereiro, maio, junho, julho, agosto e setembro do ano passado porque os donos do imóvel cobraram os valores dos donos do prédio, mas não obtiveram sucesso.

A bancarrota do grupo também vitimou a maior loja de eletrodomésticos e eletroeletrônicos do Estado durante boa parte do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a Planeta City Lar, localizada em frente à UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) neste recente agosto, quando boa parte da área da hiperloja já estava dividida com outras revendedoras.

Na ação de dois meses atrás, a ordem de despejo foi expedida pela Oitava Vara Cível de Cuiabá e assinada pela juíza Sinii Savana Bosse Saboia Ribeiro para a loja da Avenida Fernando Correa da Costa. Nela, o réu é a Dismobras Importação, Exportação e Distribuição de Móveis e Eletrodomésticos S/A, a razão comercial da antiga City Lar. A magistrada ordenava que a loja Ricardo Eletro saísse dali num prazo de 15 dias. A loja foi efetivamente fechada por força de alugueis atrasados até o montante de R$ 600 mil.

Nessa decisão, expedida no dia 24 de julho e só cumprida em agosto, a parte passiva da ação é uma das empresas do grupo Máquina de Vendas Brasil Holding S.A. Nesta, a ação é proposta pelos advogados da  Zugair Automóveis Ltda-EPP, que alega ter firmado um contrato de locação entre 1º de agosto de 2017 e 30 de julho de 2022, mediante um pagamento de R$ 50 mil por mês em aluguel. Este vem sendo descumprido desde agosto passado. A ação foi proposta quando três meses já estavam atrasados.

O se defende em todas as ações relembrando sua recuperação judicial e afirmando que os valores dos aluguéis foram todos incluídos no valor que a empresa reconhecidamente deve e foi acordado judicialmente que seria pago no deslinde da ação de recuperação judicial. A empresa porém, não tem conseguido reverter o problema nas audiências de conciliação.

Como os juízes vem entendendo que mesmo em recuperação, as demandas dos credores merecem acolhimento, as ordens de despejo continuam sendo expedidas. A empresa também deve um valor não divulgado em IPTU (Propriedade Predial e Territorial Urbana ou Imposto Predial e Territorial Urbano) à Prefeitura de Cuiabá.

RELEMBRE

A recuperação judicial do Grupo Máquina de Vendas Holding S/A foi homologado em janeiro deste 2019 sob um valor instituído de R$ 1,9 bilhão, quando era a terceira maior rede de varejo do país.

Essa holding foi formada nove anos antes, em 2010, quando as redes varejistas Insinuante e Ricardo Eletro fundiram-se em uma só. Depois, incorporaram também a City Lar, a Salfer e o Eletroshopping. A ideia era fundir a expertise das lojas de rua de algumas dessas marcas com o profissionalismo das vendas online de outras. Apesar do alto volume de vendas inicial, a chegada da crise econômica colocou o sonho na UTI.

A City ar em si tem uma história bem mais antiga e regional. Fundada em 1979 na cidade de Mirassol D’Oeste (distante ??? quilômetros de Cuiabá), era uma lojinha de eletroeletrônicos Eletro Som City, do pai de Erivelto Gasques, fundador da City Lar.

O próprio empresário abriu a primeira loja com esse nome em 1992 no centro da capital. De lá até 2010, crescimento e expansão eram palavras recorrentes nos discursos proferidos a cada nova loja aberta. E foram várias no Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima, Tocantins, interior do Maranhão, Pará, Piauí e Mato Grosso do Sul.

Continuou nessa até 2008, quando comprou a maranhense Gabryella, sediada na capital do Estado, São Luís, além de outros 19 pontos de vendas. Isso durou até junho de 2010, quando foi incorporada.

Fonte | Folhamax

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