Bolsonaro e Paulo Guedes propõem extinção de municípios com baixa arrecadação; veja lista do MT
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Bolsonaro e Paulo Guedes propõem extinção de municípios com baixa arrecadação; veja lista do MT

Presidente da AMM, Neurilan Fraga, repudia proposta apresentada por Paulo Guedes

Dentre as propostas que integram o pacote econômico de reformas entregue no Senado nesta terça-feira (5), pelo Governo Bolsonaro, está a que  pretende anexar às cidades vizinhas 1.254 municípios com menos 5 mil habitantes  e arrecadação própria menor que 10% da receita total. A medida atingiria 34 dos 141 municípios de Mato Grosso, em conformidade com estimativa de população do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Conforme o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Júnior, os 1.254 municípios correspondem a quase um quarto do total de cidades brasileiras (22,5% do total de 5.570 municípios brasileiros, incluindo o Distrito Federal). A medida, segundo ele, passaria a valer a partir de 2026, e até lá deve ser criada uma lei complementar detalhando a medida.

Em Mato Grosso, são 34 municípios com menos de 5 mil habitantes. Dentre eles, aparecem cidades localizadas no Norte do Estado, como Itaúba, criada pela Lei Estadual nº 5.005, de 3 maio de 1986, que tem uma população estimada em 3.802 pessoas, de acordo com o IBGE.  E também Nova Santa Helena (criada em janeiro de 1998), que conta com 3.718 pessoas.

A máquina pública nas cidades engloba praticamente a prefeitura e a Câmara Municipal. Nos dois municípios mencionados acima, o custo para se manter a estrutura administrativa em quatro anos é de R$ 10,460 milhões, levando-se sem conta gastos estimados de R$ 2,592 milhões com dois prefeitos e dois vices; de R$ 6,048 milhões com 18 vereadores; e de R$ 1,820 milhões com 10 secretários.

DESPERDÍCIO DE RECURSOS

Para a sócia da consultoria Oliver Wyman Brasil e ex-secretária da Fazenda de Goiás Ana Carla Abrão, entrevistada pela revista Exame, o que se vê hoje é uma proliferação de municípios que não têm nenhuma condição de se financiar. “O que é um desperdício de recursos, porque cria a necessidade de uma administração pública que é cara”.

Ana Carla Abrão prossegue em sua análise: “toda essa estrutura administrativa drena recursos públicos e não se justifica tendo em vista a capacidade do próprio município de se financiar”. A liberação desses recursos, segundo ela, vai permitir que esse capital seja direcionado para a população, “e não para sustentar uma máquina”, avaliou.

Conforme a reportagem de Exame, um índice divulgado recentemente pela Federação das Indústrias no Rio de Janeiro (Firjan), aponta que 73%  dos municípios brasileiros tem gestão fiscal difícil ou crítica. Dos 5.337 municípios avaliados, 1.856 não tem recursos para manter sequer sua câmara de Vereadores e a estrutura administrativa da prefeitura.

De acordo com o pacote de reformas, que envolve três Propostas de Emenda Constitucional (PECs), a partir de 2026 a União deixa de poder prestar socorro aos entes federativos em dificuldade fiscal e financeira, e também só pode, a partir daquele ano, dar garantias aos estados e municípios em operações com organismos internacionais.

O plano, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, é transferir cerca de R$ 400 bilhões a Estados e municípios nos próximos 15 anos.

AMM É CONTRA

Em Brasília, onde participa de reuniões na Confederação Nacional de Municípios (CNM) e no Congresso, o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga, se manifestou contrário à ideia. “Recebemos com surpresa esta proposta. Estamos analisando com cautela, mas a nossa posição é contraria a extinção dos municípios”, disse ele.

O presidente da AMM disse que a legislação garante autonomia dos municípios e que o Governo Federal se esqueceu de colocar no pacote de medidas outras receitas que entram no orçamento das prefeituras. Ele frisou que o ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços) é arrecadado no município e no bolo tributário 75% do imposto ficam com o estado e 25% com os municípios. Além disso, os municípios recebem o Fundo de Participação dos Municípios (o FPM, que é composto pelo IPI e Imposto de Renda).

Conforme a AMM, as lideranças municipalista estão se articulando com os dirigentes da Câmara dos Deputados e do Senado para tratar sobre a proposta do governo. O senador Wellington Fagundes, que integra uma das Frentes de Defesa dos Municípios, já está conversando com as lideranças municipalistas.

MUNICÍPIOS DE MT COM MENOS DE 5 MIL HABITANTES

*Em ordem decrescente, de acordo com a estimativa de população do IBGE.

1. Canabrava do Norte (4.743 pessoas)

2. São Pedro da Cipa

3. Nova Guarita

4. Santa Carmem

5. São José do Povo

6. Novo Horizonte do Norte

7. Conquista D´Oeste

8. Rondolândia

9. Nova Brasilândia

10. Itaúba

11. Tesouro

12. Nova Nazaré

13. Nova Santa Helena

14. Torixoréu

15. União do Sul

16. Figueirópolis D´Oeste

17. Salto do Céu

18. Santa Rita do Trivelatto

19. Nova Marilândia

20. Santo Afonso

21. Vale do São Domingos

22. Araguaiana

23. Porto Estrela

24. Glória D´Oeste

25. Indiavaí

26. Reserva do Cabaçal

27. Planalto da Serra

28. Novo Santo Antônio

29. Santa Cruz do Xingu

30. Ribeirãozinho

31. Luciara

32. Serra Nova Dourada

33. Ponte Branca

34. Araguainha (935 pessoas)

  Fonte | Folhamax

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