O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Mulheres de Rondonópolis compilou dados sobre a violência contra a mulher na cidade, juntando informações da polícia, da Justiça e da Secretaria Municipal de Saúde. Os números são alarmantes e indicam aumento nos casos de lesão corporal e vias de fato até o mês de agosto de 2019 em relação ao mesmo período de 2018. O cruzamento dos dados indica ainda que a maior parte dos casos de estupros não são denunciados à polícia pelas vítimas.

De acordo com os dados organizados a partir da Divisão de Planejamento Operacional e Estatística da Polícia Militar de Mato Grosso, os casos de lesão corporal contra a mulher subiram de 305 ocorrências em 2018, para 328 em 2019 e as vias de fato, passaram de 61 casos de janeiro a agosto de 2018, para 72 no mesmo período de 2019. Do total de ocorrências de violência contra a mulher, o maior número (219) foi registrado entre vítimas com idade entre 32 e 37 anos.

Para a presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Mulheres, Mariúva Valentim, os números da violência contra a mulher em Rondonópolis preocupam. O aumento de casos de lesões corporais e vias de fato, bem como o horário em que acontecem a maior parte das ocorrências – entre 16 e 23h – demonstram que ações imediatas devem ser tomadas. “O horário em que ocorrem a maior parte dos casos de violência aponta que as agressões são mais frequentes a noite, quando a Delegacia da Mulher está fechada, e isso pode ser um problema para que a mulher denuncie. Então uma das medidas seria o funcionamento da delegacia 24 horas”, ressalta.

Outro ponto para buscar redução da violência é o incentivo para que as mulheres denunciem e para isso ações educacionais e de conscientização são fundamentais, assim como medidas que insiram a mulher no mercado de trabalho para que ela se torne economicamente independente. “Hoje verificamos que as mulheres moradoras do centro e de bairros considerados de maior renda são as que mais denunciam. Isso demonstra que a dependência financeira e a menor renda são empecilho para que a mulher faça a denúncia da violência”, destaca Mariúva.

Conforme os dados da polícia, o maior número de ocorrências de violência contra a mulher denunciado na cidade aconteceram na região do Centro e do bairro Vila Aurora, com 91 ocorrências entre moradoras do Centro e 35 no bairro Vila Aurora em 2019. Na sequência, o maior número de casos foi registrado em bairros como Parque Universitário, Jardim Iguaçu e Parque Sagrada Família, respectivamente.

Com o cruzamento dos dados policiais e da Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Rondonópolis, também foi possível identificar que a Justiça tem atuado de forma satisfatória nos casos de crimes contra a mulher. Em 2019, mais de 2 mil decisões judiciais foram proferidas com a determinação da prisão dos acusados após a investigação dos crimes. Também ocorreram mais de 370 sentenças de mérito criminal.

Com o intuito de buscar ações e políticas públicas de combate à violência, os dados coletados em Rondonópolis serão encaminhados ao Conselho Estadual de Defesa das Mulheres, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso e demais órgãos públicos.

Violência sexual

A quantidade de mulheres que procura a delegacia para denunciar um estupro também fica bem abaixo da média de casos registrados na cidade. Uma análise a partir dos casos de mulheres atendidas pela Saúde após sofrerem um estupro apontam para uma realidade igualmente preocupante. Em 2018 por exemplo, 58 mulheres foram atendidas na Saúde após serem estupradas, porém apenas 17 casos foram denunciados à polícia.

“O que se percebe é que as mulheres procuram o auxílio médico quando sofreram um estupro para serem atendidas, mas que optam por não denunciarem o fato para a polícia. Por isso precisamos atuar para mudar a realidade”, explicou a presidente do Conselho.

Fonte | Assessoria
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