Pesquisa realizada por um instituto americano, o New England Research Institutes, aponta que até 2025, 322 milhões de pessoas no mundo irão sofrer com disfunção erétil. Especialistas afirmam que problema pode ser prevenido, principalmente entre os homens, porém, busca por cuidados só acontece quando situação está em grau avançado. Em se tratando das mulheres, o problema ainda é menos debatido. O assunto continua um tabu embora exista até o dia do sexo, comemorado hoje (6/9).
De acordo com uma fundação irlandesa, a Irish Heart Foundation, 18% dos homens de 50 a 59 anos, 38% de 60 a 69 anos e 57% com mais de 70 anos sofrem de impotência sexual. A pesquisa enfatiza que esses números se tratam de casos ocasionados naturalmente e que jovens com idade entre 20 e 30 anos já apresentam disfunção erétil devido à má alimentação, uso de drogas e sedentarismo.
Levantamento feito com mulheres no Centro de Referência e Especialização em Sexologia do Hospital Pérola Byington (Cresex), em São Paulo, indica que a falta ou redução do desejo sexual feminino afeta 48,5% das entrevistadas. Segundo o estudo, 18% das pacientes afirmam ter dificuldade para sentir orgasmo, 6,9% têm níveis irregulares de desejo sexual pelo parceiro, 9,2% sentem dor durante a relação sexual e dessas, apenas 13% têm causas orgânicas para os seus problemas, como inflamações ou problemas relacionados aos hormônios.
Em maio de 2018 foi a primeira vez que L.C.A., 50, passou pela situação que considerada a mais constrangedora de sua vida, “brochar”. Namorando há um ano e meio, ele diz que o sexo sempre foi uma atividade contínua em sua vida. Relata que a princípio resistiu em procurar ajuda, por achar que seria algo esporádico. Mas a disfunção erétil persistia e a cada tentativa de ter relações sexuais era uma nova decepção. “Minha namorada até entendeu, me pediu calma diante do meu desespero e me aconselhou a procurar um médico”.
L.C.A. tomou medicamentos naturais, viagra e diversos outros tipos de estimulantes mas nada resolveu. Ao chegar ao urologista, respondeu uma série de perguntas sobre a sua rotina e foi aconselhado a procurar acompanhamento psicológico.
O especialista orientou que L. reduzisse o consumo de álcool, já que ele bebia cerveja todos os dias, e fizesse caminhada ao menos 3 vezes na semana. Não receitou medicamento até que saíssem os resultados dos exames mas adiantou que o estresse do trabalho associado ao sedentarismo e ao álcool poderiam ser o motivo da impotência sexual. “Em 15 dias seguindo as recomendações do médico me senti melhor. Porém, tinha medo de partir para o ato sexual e falhar mais uma vez. Também comecei a fazer terapia”.
Um tempo depois de iniciar as mudanças de hábitos, mesmo receoso L. tentou fazer sexo com a namorada. “Conseguimos e, para mim, foi como se estivesse sendo a minha primeira vez”.
Casada há 10 anos, C.C.B., 37, tem um filho de 10 meses e após o parto se viu totalmente desestimulada sexualmente. Conta que sentia vontade de ter relação sexual com o marido mas, seu corpo, não correspondia. “Conversei muito com meu médico e, pelas características, ele disse que eu estava com transtorno de excitação sexual, que é a incapacidade da mulher de manter a excitação e a lubrificação durante o ato sexual. É um tipo de disfunção sexual feminina”.
O ginecologista aconselhou a manter uma alimentação saudável, tentar ter uma rotina de sono de pelo menos 8 horas por dia e fazer exercícios físicos. Além disso, recomendou que mantivesse um bom diálogo com o companheiro pois ele era peça fundamental para o retorno à vida sexual ativa. “Os sentidos do meu corpo, especialmente da área íntima, parecem estar voltando aos poucos. Na verdade, acho que tudo foi ocasionado por problemas que tive na gestação e no pós-parto”.
Tabu e prevenção
Urologista especialista na sexualidade masculina, Anderson Carvalho diz que mesmo com informações e conteúdos acessíveis, há um tabu a cerca da impotência sexual do homem. “Culturalmente ainda é um choque para o homem assumir que seu órgão sexual não tem mais ereção”.
Segundo Carvalho, ao contrário da mulher que vai regularmente ao ginecologista, o homem só busca atendimento médico quando está com a saúde extremamente debilitada. E o homem do século 21 tem vários outros fatores que colaboram para a impotência sexual como o sedentarismo, uso de anabolizantes, consumo de álcool e drogas, além de doenças como diabetes.
A disfunção erétil masculina é algo que atingirá todos os homens de forma natural, geralmente a partir dos 55 anos. Porém, Carvalho frisa que a impotência sexual está atingindo homens cada vez mais novos. “Tenho pacientes de 23 anos que, aparentemente, são saudáveis. Mas o uso de anabolizantes e as noitadas regadas a álcool e drogas acabaram com sua vida sexual”.
Conforme o especialista, outro problema sério é que 80% dos homens ao invés de irem para um consultório médico, buscam ajuda em balcões de farmácia. “Começam a usar viagra. Mas essa é uma alternativa de curto prazo e acabam aumentando as doses, tomando de 3 a 4 compridos de uma vez. E isso pode acarretar outros problemas ainda mais graves”.
Carvalho recomenda que todos os homens comecem a frequentar um urologista o mais cedo possível, pois o profissional irá orientá-lo como estenderam sua saúde sexual. “O homem precisa conhecer seu corpo, a anatomia do seu pênis”.
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