No financiamento, uma instituição financeira (IF) lhe empresta os recursos necessários para você adquirir seu carro agora e você devolverá estes recursos à IF em parcelas mensais, normalmente de valor fixo (sistema de cálculo conhecido como Price), por um prazo determinado, acrescido de juros. Também incide sobre o financiamento o Imposto de Operações Financeiras (IOF) e eventuais outras taxas. Por isso que, para facilitar a comparação entre IFs, devemos utilizar outra taxa, denominada de Custo Efetivo Total (CET). Caso, durante o período de pagamento, você receba algum recurso extra e queira adiantar o pagamento de parcelas, você terá desconto nos juros das parcelas futuras que está adiantando, reduzindo assim o prazo total do financiamento ou o valor das parcelas remanescentes.

Logo, a decisão entre financiamento ou consórcio passa primeiro pela sua urgência em adquirir o carro. Coloquemos agora alguns exemplos para entender melhor o custo desta decisão temporal.

Vamos simular que o leitor queira adquirir um veículo de R$ 50.000,00 e que não tenha nenhuma reserva para dar de entrada. Ao pesquisar as opções, encontramos financiamentos de 60 meses com CET de 2,00% a.m. e consórcios de igual prazo com taxa de administração de 18,00%. Consideraremos que, nestes 5 anos, o valor do carro desejado não se alterará ou que será mantido o valor da carta de crédito do consórcio em R$ 50.000,00.

O financiamento será de parcelas fixas de R$ 1.438,40, portanto um desembolso total de R$ 86.303,90 mas com a compra do carro no presente.

Já o consórcio dará parcelas de R$ 983,33, portanto um desembolso total de R$ 59.000,00, bem menor que o financiamento, mas sem a certeza do prazo para se adquirir o veículo, que poderá ocorrer no primeiro ou no último mês (não considerando lances), ou seja, com um prazo médio esperado de 30 meses.

Como o leitor está considerando a possibilidade de um consórcio, pressuponho que esteja disposto a esperar algum tempo para realizar seu desejo. Então, convido-o a uma outra comparação.

Supondo que o leitor tenha a capacidade de pagar o valor da parcela do financiamento (mais cara que do consórcio) e invista esse valor em poupança, a forma mais simples de investimento, que atualmente rende 70% da taxa Selic. Considerando esta taxa estável para a simulação, em aproximadamente 33 meses (próximo do prazo médio do consórcio) você terá os R$ 50.000,00 necessários para a compra do veículo à vista e terá desembolsado pouco mais que R$ 47.000,00. E ainda poderá continuar investindo para a futura troca do carro ou outro objetivo. Além de poder buscar outros tipos de investimentos, mais adequados ao prazo e buscando assim uma rentabilidade melhor.

Resumindo, estar do lado de quem recebe os juros, ao invés de pagar, é sempre a melhor opção. Porém, se você não pode esperar, então terá que arcar com os custos mais altos de um financiamento. Mas quanto mais recursos tiver para a entrada, menor será o peso dos juros pagos. No meio do caminho está o consórcio e, neste caso, se há a capacidade de pagar a parcela maior do financiamento, invista a diferença para poder, mais a frente, ofertar lances para tentar adiantar a contemplação.

*Ricardo Gomes da Silva é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: ricardo.gomes@lifefp.com.br

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Fonte | Agência Brasil, Planejar

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