O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro ganhou a liberdade nesta segunda-feira (26), depois de passar uma audiência para a instalação de tornozeleira eletrônica, na 2ª Vara Criminal de Cuiabá. No Fórum da capital, ele entrou e saiu sem ser visto.
Além de usar tornozeleira eletrônica, Arcanjo deverá permanecer na casa dele, no Bairro Boa Esperança, das 20h às 6h do dia seguinte, comprovar – dentro de uma semana – que está trabalhando, atender às intimações judiciais e não mudar de endereço ou deixar os limites de Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana da capital, sem a autorização prévia da Justiça.
O ex-bicheiro está proibido, ainda, de frequentar locais inapropriados, portar armas ou ingerir bebida alcoólica e deverá comparecer, mensalmente, no Fórum da capital – para comprovar trabalho e passar pela fiscalização da tornozeleira – e no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), onde deverá se submeter a um tratamento, sob pena de regressão de regime.
Com penas que somam a mais de 87 anos, Arcanjo está preso há 14 anos e nove meses. Ele é acusado de vários crimes, entre eles homicídio, contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro, e foi solto depois de cumprir 1/6 da pena.
Ele foi levado ao Fórum sob escolta. Muitos jornalistas aguardavam do lado de fora, já que foi proibida a entrada da imprensa na sala de audiências. A família de Arcanjo também foi ao local para sair com ele.
A audiência estava marcada para às 14h, mas foi antecipada para as 13h diante da repercussão do caso, como diz um informativo colado na porta da sala de audiências.
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Comunicado diz que audiência foi antecipada (Foto: Lislaine dos Anjos/ G1)
“Comunicamos que, em razão da repercussão e atendendo ao pedido da Defesa e do Ministério Público, a audiência do senhor João Arcanjo Ribeiro foi antecipada para as 13h, visando proteger a integridade física e preservar a intimidade do reeducando”, diz o comunicado.
Cobrança de dívidas
O advogado de Arcanjo, Zaid Arbid, disse que o cliente, que era dono de factoring, ainda tem dívidas a receber. “Ele tem o direito de receber. As pessoas podem pagar voluntariamente. Se não, ele tem o direito de cobrar”, afirmou.
Segundo ele, 90% da sociedade quer João Arcanjo na rua. “Ele é uma pessoa que faz bem, que é agradável de se estar junto”, declarou.
Ele avaliou ainda que o ex-bicheiro não deve voltar a atuar com o “jogo do bicho”. Também refutou risco de fuga. “Uma pessoa que ficou 15 anos presa e adquiriu o direito de sair em liberdade, aos 66 anos, vai chutar a lata do direito dele para fugir? Não acredito”, ponderou.
Crimes
O crime de maior repercussão atribuído a João Arcanjo é a morte do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Júnior, dono do jornal Folha do Estado, em 2002. Por ser o mandante do crime, Arcanjo foi condenado a 19 anos de prisão em regime fechado pelo Tribunal do Júri, na Comarca de Cuiabá, em 2013.
Ele teve a prisão decretada e foi preso em 2003, em Montevidéu, no Uruguai, durante a Operação Arca de Noé, que visava desarticular o crime organizado no estado.
Ele foi extraditado para o Brasil em 2006.
Fonte | G1
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