De todas as habilidades linguísticas tradicionalmente listadas (ouvir, falar, ler e escrever), falar é, sem dúvida, a mais cultuada e cobiçada. Ela é a cereja do bolo, diriam.

Segundo o Dicionário Informal (disponível na Internet), a propósito, falar nada mais é que exprimir-se pela palavra humana; dizer, discorrer, orar. Visto e lido assim, parece fácil, não é mesmo?

A complexidade do ato da fala, entretanto, é maior do que ela se mostra na sua aparência, pois ela envolve, além do aparelho fonador em bom estado de conservação, alguns requisitos básicos como entonação marcante, pronúncia inteligível e boa dicção, dentre tantas outras palavras específicas do campo da fonética ou da fonologia.

De uma forma ou de outra, ser fluente envolve ainda não apenas uma boa dose de conhecimento lexical (vocabulário) ou gramatical (regras e exceções), estendendo-se também pelo campo cultural, emocional e situacional, por exemplo.

Diante de tantas “exigências”, fica realmente difícil para o aluno brasileiro de idiomas estrangeiros (especialmente o de inglês), tão mal-acostumado com a praga da tradução em excesso e a escassez de exposição oral tanto dentro quanto fora da sala de aula, sair da mediocridade linguística em apenas meia década de estudo formal. Não me surpreende em nada o fato de ele ter vocabulário pobre (porque não lê), redação sofrível (porque não escreve), conversação horrenda (porque não exercita a sua capacidade argumentativa) e compreensão auditiva muito aquém do ideal (porque não valoriza a “chatice” dos exercícios de repetição de palavras isoladas ou em contexto). Sem rodeios: aluno brasileiro não quer freqüentar aulas de idioma. Ele quer milagre!

Na vida real, convites recebidos para participar de grupos de conversação, na prática, parecem soar como um chamamento à tortura, ou coisa pior. Por mais hilário que a imagem venha a sugerir, a maioria dos convidados foge dos conversation groups como o diabo foge da cruz!

E ainda há pessoas que vêem a mim com essa conversa mole de que querem ser fluentes em inglês “o mais rápido possível”! Conta outra…

Fonte | Jerry Mill Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), conselheiro da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis.
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