Em nota, a Funai informou que não compartilha com nenhum tipo de conduta ilícita e está à disposição para colaborar com o trabalho dos órgãos ambientais e de segurança pública competentes.
De acordo com a PF, foram fiscalizados 21 pontos localizados na terra Aripuanã, entre Juína e Aripuanã, da etnia Cinta Larga, na TI Menkü, em Brasnorte (etnia Menķü), e no Parque Nacional do Xingu, em Feliz Natal, da etnia Ikpeng.
A escolha das localidades, segundo a polícia, foi feita através de monitoramento via satélite no sistema ‘Planet’ que é capaz de detectar desmatamentos em áreas tão pequenas quanto um quintal de uma casa.
A PF informou que foram apreendidos documentos, celulares, sete escavadeiras hidráulicas, três caminhões, sete tratores, doze motocicletas e trinta motores estacionários utilizados na lavagem do solo.
Além disso, os agentes destruíram acampamentos que davam suporte para a exploração e veículos que estavam em situação precária de conservação ou em locais de difícil acesso.
Outros maquinários foram recolhidos.
Investigação
No decorrer da investigação, a polícia descobriu que as atividades ilegais eram realizadas com autorização de lideranças indígenas que recebiam valores dos madeireiros e garimpeiros para liberarem as atividades ilegais. Os policiais encontraram uma tabela com preço pago aos indígenas.
Também foi descoberta a atuação de servidores da Funai que passavam informações a garimpeiros para que escapassem da ação policial.
Onipresente é uma operação pertencente ao programa Guardiões do Bioma, do Governo Federal e contou com 2 helicópteros, 12 policiais federais e 4 fiscais do Ibama.
Arrendamentos de terra para criação de gado rendia cerca de R$ 900 mil por mês — Foto: Polícia Federal
2ª operação contra lideranças indígenas
Essa foi a segunda operação da Polícia Federal que envolve lideranças indígenas e servidores da Funai em menos de uma semana.
Na mesma semana em que foi deflagrada essa ação, o cacique Damião Paridzané foi preso, investigado pela Polícia Federal por suspeita de receber dinheiro em troca da concessão ilegal de áreas indígenas à fazendeiros para criação de gado.
O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva, o sargento da Polícia Militar Gerrard Maxmiliano Rodrigues de Souza e o ex-policial militar do Amazonas, Enoque Bento de Souza, também foram presos na Operação Res Capta, deflagrada pela Polícia Federal, contra o arrendamento das terras indígenas para produtores rurais.
O cacique, que recebia pelo menos R$ 900 mil por mês com o suposto esquema, é um dos principais líderes citados e premiados na história da luta do povo Xavante para a reconquista da Terra Indígena Marãiwatsédé e expulsão de não indígenas da área.
Ele já foi homenageado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), durante o XI Seminário de Educação (Semiedu 2013), sendo reconhecido como ‘lutador’ dos povos indígenas, e logo depois, em Brasília, ele ganhou um reconhecimento na 20ª edição do Prêmio de Direitos Humanos, recebendo um troféu por “nunca ter negociado com fazendeiros e políticos, e sempre afirmar: ‘eu só preciso da terra”.