No Brasil, cerca de 11,5% dos nascidos vivos são prematuros. Planejamento familiar e Pré-natal ajudam a reduzir riscos. Em setembro de 2018, quando Maria Alice nasceu prematura de 26 semanas, com 770 gramas de peso, a empresária Danielle de Morais Gomes percorria todos os dias aproximadamente 40 quilômetros entre a cidade de Nossa Senhora do Livramento e o Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, para ficar com a filha. Essa rotina durou dois meses, até que sua filha recebesse alta hospitalar e fosse para a casa com a família. “Sempre quis muito ter um filho. Por conta da endometriose fiz tratamento para engravidar e mesmo assim não conseguia. Quando menos esperava, fiquei grávida espontaneamente. Por conta dos riscos, intensifiquei os cuidados. Mas quando estava com cinco meses, tive alteração na pressão sanguínea e pré-eclâmpsia, uma complicação grave. Os médicos constaram que Maria não estava mais se desenvolvendo no meu útero e decidiram pelo parto, pois tanto ela quanto eu corríamos riscos”, recorda a empresária. A realidade vivida por Danielle é semelhante à de centenas de mães de bebês que nascem prematuros todos os dias no Brasil. De acordo com a médica pediatra neonatologista e presidente da Sociedade Mato-grossense de Pediatria, Paula Bumlai, cerca de 11,5% dos nascidos vivos no País são prematuros. No Hospital Santa Rosa, somente no primeiro semestre de 2021, a taxa de bebês que nasceram antes do tempo ideal de gestação é de 7,3%. “Temos observado um crescimento nesses números de alguns anos para cá. Por isso, o hospital investiu no serviço de medicina fetal, com equipamentos de ponta e uma equipe de especialistas em neonatologia e gestação de alto risco”, ressalta a médica. É considerado prematuro o bebê que nasce antes de 37 semanas de gestação. Os recém-nascidos podem ser classificados em prematuros extremos, moderados e tardios, conforme o número de semanas de gestação. O atendimento e o tipo de tratamento dependem da gravidade de cada situação. “Levamos em conta a idade gestacional, o peso, doenças preexistentes e vários outros fatores. A medicina evoluiu muito e estamos equipados para todos os casos. Investimos em assistência ventilatória, incubadoras com umidificação semelhante ao útero materno, dispositivos menos invasivos para acompanhar saturação e frequência cardíaca do bebê, nutrição parenteral e vários recursos tecnológicos que aumentam a taxa de sobrevivência e de evolução”, esclarece Paula Bumlai. Aliados a toda essa tecnologia, o vínculo familiar a proximidade das mães com os bebês também são essenciais no tratamento. No Santa Rosa, os pais são estimulados a participarem do método canguru, quando o bebê é colocado em contato pele a pele, de forma gradativa. “Nem todos os recém-nascidos estão aptos para o método, mas sempre que possível incentivamos o contato, que comprovadamente gera benefícios para o desenvolvimento neuromotor dos prematuros”, afirma a pediatra. Por isso, durante o ‘Novembro Roxo’, mês em que é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade, o hospital reforça ainda mais as ações de conscientização sobre o assunto e participa da campanha ‘Separação Zero’. “Novembro é um mês simbólico, porque trabalhamos diariamente para manter pais e filhos juntos. Mesmo durante a pandemia, as visitas à UTI pediátrica foram mantidas. Fizemos uma restrição de outros familiares e acompanhantes. E quando a mãe ou o pai não podiam ir, por conta de estarem positivos com o coronavírus ou devido a outros problemas de saúde, utilizamos a tecnologia, realizando chamadas de vídeos ao vivo para manter a proximidade”, explica a médica. O hospital oferece ainda a ‘sala de ordenha’, que funciona dentro da UTI neonatal, para que as mães possam extrair o leite e ajudar na alimentação dos filhos nos períodos de ausência. Uma equipe multiprofissional está sempre à disposição com assistência de fonoaudiologia, fisioterapia, enfermagem, psicologia, entre outros especialistas. Esse tratamento e assistência diferenciados são reconhecidos pelas mães, como Danielle. “Maria Alice está com três anos e ainda me emociono quando falo disso. Mantenho vínculo até hoje com algumas das enfermeiras que me ajudaram, além de orientarem sobre a amamentação ou mandarem fotos da Maria. Tive muito medo quando vi minha filha tão frágil e não tenho palavras para descrever o quanto sou grata a todos que me ajudaram naquele momento tão desafiador”, observa a empresária. Precaução A médica Paula Bumlai alerta que são vários os fatores que podem levar a um parto prematuro, o que torna essencial a realização do tratamento pré-natal. “Um planejamento familiar pode ajudar bastante, pois isso ajuda muito a mulher a ter uma gestação mais saudável. Ela pode se antecipar e evitar possíveis riscos causados, por exemplo, pela hipertensão ou diabetes. Para isso, ela precisa ter acesso à informação, manter uma consulta regular com seu ginecologista. É claro que há outros fatores, que mesmo com um acompanhamento prévio, não conseguem evitar a prematuridade, mas nosso foco é sempre minimizar as consequências tanto para mães quanto para os bebês”, reforça.
Via | Assessoria
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