Processo de torra e modo de preparo da bebida fazem a diferença, segundo estudo brasileiro

Muitos estudos já foram realizados sobre as propriedades do café e da cafeína e seus impactos sobre a saúde. Pesquisas mais recentes dão conta que a bebida pode trazer diversos benefícios. Mas, até agora, não se sabia se o processo de torra, assim como o modo de preparo, poderia fazer diferença. Agora já há pistas sobre o assunto –graças a estudiosos brasileiros.

Além de cafeína, compõem cada xícara açúcares, aminoácidos, lipídios, vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes. A composição, porém, pode sofrer alterações conforme o modo de fazer a bebida.

Para o cardiologista Luiz Antonio Machado César, não há dúvida de que os benefícios do café para o organismo são maiores do que eventuais efeitos negativos –geralmente associados ao consumo excessivo.

Carioca, duplo, extraforte…

Dentro de um projeto de estudo do InCor sobre os efeitos do café no coração, conduzido por César, pesquisas em desenvolvimento investigam se o tipo de torra e o fato de ser filtrado ou prensado influenciam no sistema cardiovascular.

A pesquisa comparou duas torras, uma mais escura e outra um pouco mais clara, geralmente empregada para fazer os cafés “espresso” e gourmet, para investigar níveis de colesterol nos indivíduos estudados. Para o estudo, foram usados filtros de papel e diferentes tempos e temperaturas, que resultaram na suavidade ou na intensidade do café.

Os dois tipos de torra preservaram suas propriedades antioxidantes. Assim, o nível de colesterol não se alterou muito entre os grupos estudados. Mas o tipo de torra menos escura mostrou um aumento dos dois tipos de colesterol: o LDL, que concorre para a formação das placas de gordura que colam nas paredes dos vasos, e o HDL, que contribui para reduzir o LDL em excesso no sistema cardiovascular.

Já o filtro de papel retém 80% das substâncias gordurosas conhecidas como diterpenos, cafestol e cashweoul, presentes no pó e que, sabidamente, contribuem para elevar o nível de colesterol no sangue.

“O processo de torra interfere não só no sabor da bebida, mas também na composição dos nutrientes que compõem a mistura”, afirma o cardiologista.

Combate a doenças

Entre as substâncias antioxidantes do café, estão os ácidos clorogênicos (AGC). Junto com a cafeína, eles foram relacionados em estudos recentes à redução do risco de aterosclerose.

Segundo César, pesquisas já concluíram que beber duas a quatro doses diárias reduz o risco de doenças cardiovasculares.

De quebra, conforme o especialista, o consumo contínuo da bebida não parece afetar de forma significativa a pressão arterial, o ritmo e a frequência cardíaca de seus pacientes, contribuindo para aumentar a tolerância aos exercícios.

Via | Incor
Print Friendly, PDF & Email
(Visited 1 times, 1 visits today)