2019 ligou e disse que queria pular para 2040. Reclamava que todos são terrivelmente pessimistas hoje em dia. “Ninguém quer trabalhar assim“, disse 2019.

Eu não falei nada e pensei em como sair daquela conversa, porque eu tinha trabalho a fazer –tinha estourado o prazo desse meu texto do Nieman Lab.

2019 fez uma pausa. “Mas talvez eu devesse pular para 3000 em vez disso“, disse. “Por quê?”, perguntei, sabendo instantaneamente que não deveria ter perguntado.

Eu queria escrever sobre como o mundo editorial entrará com sucesso na economia de relacionamentos no próximo ano. Eu realmente não tive tempo para pensar no ano 3000.

Olha, pensando bem, 2040 deverá ser ser muito pior“, interrompeu 2019 em meus pensamentos. “Está ficando quente aqui, e não estou falando de uma curva bem-sucedida nos lucros com assinaturas. Usando os termos da sua gente, o planeta terá uma “experiência de usuário” muito, muito ruim. Se você continuar esquentando o planeta como faz atualmente, 1 genocídio vai chegar. Centenas de milhões de pessoas vão morrer. Dezenas de cidades serão afogadas. O PIB mundial vai ser cortado em 30%, 13% no melhor dos cenários. Os incêndios florestais de 2018 são uma piada em comparação com a devastação que os EUA deve esperar. Haverá crises alimentares, inundações, secas, mortes…” –desliguei.

Tendo escutado 2019, esse pode ser o ano em que os alarmes vão ecoar no público em geral. A imprensa atuará como moderadora do pânico, aconselhando o que as pessoas podem fazer além de não usar canudinhos de plástico enquanto ainda há tempo para agir. Ela cruzará as linhas entre jornalismo, campanha e ativismo, porque não há chance de resolver uma crise sem tratá-la como uma crise.

Ela se tornará muito mais criativa na cobertura da mudança climática e aprofundará o envolvimento direto do público. Os editores que têm pensado em como alcançar 1 público mais jovem descobrirão que colocar no topo de sua agenda editorial 1 tópico que é importante para qualquer público jovem é uma maneira muito eficaz de alcançá-los.

Liguei para 2019 e disse que não deveria pular para nada, apenas aparecer a tempo, porque poderia se tornar 1 ano em que o mundo editorial toma medidas –e, por isso, 2040 será muito grato.

*Pia Frey é co-fundadora da Opinary.

O texto original é inglês e foi traduzido por Victor Schneider.

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