Workshop com o renomado geólogo Fernando Zulian, realizado nesta quinta-feira (2), na UFMT, mostrou as melhores práticas para a perfuração de poços
Em meio à crescente insegurança hídrica provocada por mudanças climáticas, especialistas reforçam a necessidade de planejar o acesso às reservas subterrâneas, consideradas a “poupança hídrica” do planeta. O tema foi discutido na última quinta-feira (2), em Cuiabá, durante o workshop “Poços tubulares para captação de águas subterrâneas – do projeto à construção”, ministrado pelo geólogo Fernando Zulian, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O encontro reuniu profissionais da área de geologia e engenharia, além de estudantes, para debater as melhores práticas na perfuração de poços e a importância de garantir segurança e sustentabilidade no uso da água.
Para o professor da UFMT e presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), Caiubi Kuhn, as águas subterrâneas são a alternativa mais viável a longo prazo para abastecimento urbano e atividades produtivas, por sua resiliência às variações climáticas.
“É a nossa poupança hídrica. Mato Grosso está sobre dois grandes aquíferos, o Guarani e o Parecis, que podem garantir abastecimento em períodos de seca, quando os rios estão em níveis críticos”, destacou.
Kuhn lembrou que, de toda a água doce disponível no planeta, cerca de 30% está armazenada em aquíferos subterrâneos, e apenas 1% nos rios e lagos. O restante, quase 69%, é de difícil acesso nas geleiras. A formação porosa dos aquíferos mato-grossenses permite recarga natural, assegurando a sustentabilidade.

Normas e capacitação
O diretor financeiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MT), entidade patrocinadora do evento, Darci Lovato, destacou a importância do apoio a iniciativas de qualificação. “O CREA destina recursos para capacitações que fortalecem a atuação profissional. O evento promovido pela Febrageo trata de um tema essencial não apenas para a geologia, mas também para a engenharia em Mato Grosso”, disse.
A representante da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), Juliana Freitas, reforçou a necessidade de respeitar a legislação. “A construção de poços deve sempre seguir as normas técnicas brasileiras, garantindo legalidade, segurança e sustentabilidade no acesso às águas subterrâneas”, afirmou.
A diretora geral da Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA, Mútua-MT, Marciane Curvo, ressaltou o papel da entidade. “A Mútua, como braço social do Sistema Confea/Crea, apoia eventos que contribuem para o aprimoramento técnico dos profissionais. Valorizar a especialização contínua é fundamental”, afirmou.
Planejamento como etapa-chave
Com mais de 30 anos de experiência, o geólogo Fernando Zulian destacou a importância do planejamento detalhado antes da execução de poços. “O projeto é a fase mais importante. É como perfurar o poço no papel, antecipando soluções e prevenindo erros. Isso facilita desde a contratação até a execução em campo”, explicou.
No workshop, também apresentou técnicas avançadas de perfuração, com aplicações que vão além da captação de água, alcançando usos industriais e padrões internacionais. Outro destaque é o intercâmbio de diferentes experiências. “A palestra visa trazer as melhores práticas de engenharia na área de perfuração que nem sempre são aplicadas. A ideia é o conhecimento transpondo barreiras”, destaca.
O patrocínio é do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), Oeste Geologia e VLN Geofísica e Hidrogeologia.
O evento foi promovido pela Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), Associação dos Profissionais Geólogos do Estado de Mato Grosso (Agemat), Associação dos Geólogos de Cuiabá (Geoclube), Sindicato dos Geólogos de Mato Grosso (Singemat), Pós-graduação de Geociêncis da UFTM e Programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos da UFMT.
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