O capricho que gera lucro: Como o cuidado com os detalhes transforma a fazenda

O capricho que gera lucro: Como o cuidado com os detalhes transforma a fazenda

Na pecuária, onde margens apertadas desafiam até os mais experientes, há um ingrediente muitas vezes negligenciado que pode ser o divisor de águas entre o sucesso e o prejuízo: o capricho. Não estamos falando de sofisticação, luxo ou estruturas imponentes. Estamos falando de cuidado. De zelo. De uma fazenda que, mesmo simples, transmite organização, propósito e cultura em cada detalhe.

O capricho está em como a porteira se fecha sem bater, na cerca esticada com firmeza, na casa do funcionário limpa e funcional. Está na oficina onde cada ferramenta tem seu lugar, no depósito sem entulho, no trator limpo depois de um dia de serviço. É nesse conjunto de pequenos gestos que a mensagem do dono da fazenda se espalha: “aqui, a gente faz bem-feito”.

E essa mensagem é poderosa. Quando o gestor demonstra cuidado com a propriedade, a equipe responde na mesma sintonia. Um funcionário percebe que o patrão zela pela casa onde ele mora, pelos equipamentos que ele opera, pelo refeitório onde ele almoça, sente-se parte de algo maior. Ele passa a tratar o patrimônio como se fosse seu. Isso se traduz em menos quebras, mais produtividade, menor desperdício. E no fim das contas, mais lucro.

Welton Cabral, CEO da Gesta’up Company, zootecnista e consultor que há anos orienta projetos em todo o Brasil, costuma dizer que “capricho é cultura, e cultura gera resultado”. Em entrevistas e eventos, como a imersão promovida em Cuiabá para gestores de fazendas, ele defende que a liderança deve ser o primeiro exemplo. “Não adianta querer que o vaqueiro cuide da motoniveladora se o barracão parece um ferro-velho. O capricho precisa começar de cima”, afirma.

Fazendas que adotam essa filosofia colhem resultados impressionantes. Não apenas pelo aumento da eficiência, mas porque ganham respeito e admiração do mercado. Visitantes, técnicos e compradores percebem quando há cuidado e isso conta pontos, abre portas, valoriza a marca da fazenda.

“A mensagem é dada na entrada, a partir da porteira. Dali até a sede você já tem uma noção da cultura da fazenda, dos animais e compreende se aquela propriedade tem o hábito de ser mais caprichosa ou é tocada de forma mais largada”, frisa Welton.

A verdade é que o capricho não custa caro. Ele exige atitude. Exige a decisão diária de não aceitar a bagunça como normal, de não tratar a fazenda como um depósito de problemas. Quando bem aplicado, ele molda um ambiente onde o trabalho flui, as pessoas crescem e a propriedade se valoriza.

Em tempos de alta competitividade, talvez o maior diferencial de uma fazenda não esteja nas tecnologias mais caras, mas na simplicidade bem-feita. No capricho silencioso que, dia após dia, constrói lucro com consistência.

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