Diante do dinamismo do cenário, bem como da rápida evolução das pesquisas para uma vacina segura e eficaz contra a Covid-19, o Ministério da Saúde iniciou, em abril de 2020, o monitoramento das vacinas em desenvolvimento para imunizar a população brasileira. A pasta elaborou relatório que apresenta informações técnicas e científicas, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos (SCTIE).

A partir do cenário mundial de desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19, foram compiladas informações sobre as pesquisas em andamento, bem como o detalhamento de cada candidata em fase clínica de desenvolvimento (desenvolvedor, descrição do ensaio clínico em andamento, país de origem, nome da vacina, plataforma tecnológica, publicações científicas, informações estratégicas, dentre outras).

Esse trabalho é mais um esforço do Ministério da Saúde, que tem atuado em diversas frentes na tentativa de encontrar uma solução efetiva e segura para o enfrentamento da Covid-19 no Brasil, acompanhando cerca de 270 pesquisas que tem como objetivo imunizar a população.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ressaltou que “o Brasil sempre estará ao lado de qualquer iniciativa que promova o acesso justo e equitativo a diagnósticos, vacinas e tratamentos e o fortalecimento de sistemas de saúde”.

 CENÁRIO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO DAS VACINAS

Até o momento, foram identificadas 270 vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19, das quais 51 estão na fase clínica. O relatório apresenta o detalhamento das vacinas que estão em pesquisas com seres humanos.

O número de vacinas candidatas, com diferentes abordagens tecnológicas e provenientes de diferentes países, ilustra o esforço global na obtenção de uma tecnologia tão importante e necessária.

O desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz contra a Covid-19 é uma prioridade diante da pandemia, uma vez que a imunização pode prevenir e conter a transmissão do Sars-CoV-2, reduzindo a morbimortalidade associada à doença.

CENÁRIO BRASILEIRO

O Brasil aponta nesse cenário com 15 candidatas nacionais a novas vacinas contra Sars-CoV-2, todas elas na fase pré-clínica de desenvolvimento.

Desenvolvedor Plataforma tecnológica / Tipo de vacina Fase de desenvolvimento
Bio-Manguinhos/Fiocruz43 Vacina sintética Pré-clínica
Bio-Manguinhos/Fiocruz43 Vacina baseada em subunidade proteica Pré-clínica
Instituto René Rachou (Fiocruz/MG) / Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas (INCTV)44 Vacina baseada em vetores virais Pré-clínica
Instituto Butantan/ Dynavax / PATH7 Vacina de vírus inativado (vacina inativada) Pré-clínica
Instituto Butantan45 Vesículas de membrana externa (Outer membrane vesicles, OMVs) em plataforma de múltiplos antígenos (Multiple Antigen Presenting System, MAPS) Pré-clínica
Instituto Butantan* Vacina baseada em partículas semelhantes a vírus (VLP – Virus-Like Particle) Pré-clínica
Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)/ Universidade de São Paulo46,47 Vacina baseada em partículas semelhantes a vírus (VLP – Virus-Like Particle) Pré-clínica
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP)* Ácido nucléico (DNA) Pré-clínica
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP)* Vacina baseada em nanopartículas Pré-clínica
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP)* Vacinas baseadas proteína recombinante Pré-clínica
Universidade Federal de Viçosa* Vacina baseada em proteína recombinante Pré-clínica
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP)48 Vacina baseada em nanopartículas Pré-clínica
Universidade Federal do Paraná (UFPR)* Vacina baseada em nanopartículas Pré-clínica
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)* Ácido nucléico (DNA) Pré-clínica
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo (USP)* Vacina baseada em vetores virais Pré-clínica

ENTENDA AS FASES PRÉ-CLÍNICA E CLÍNICA DAS PESQUISAS 

As etapas de descoberta e de fase pré-clínica se referem à realização de estudos experimentais em células (in vitro) ou em modelos animais (in vivo), desenvolvidos antes de começar as pesquisas em seres humanos para descobrir se um medicamento, procedimento ou tratamento pode ser útil. No caso das vacinas contra o Sars-CoV-2, o desenvolvimento de uma tecnologia inicia-se com a pesquisa aplicada em laboratório, a fim de investigar a estrutura do vírus, o comportamento e possíveis receptores/alvos, a partir dos quais um protótipo de vacina possa ser desenvolvido.

Obtido sucesso nas etapas anteriores, prossegue-se para a realização da pesquisa clínica, definida como aquela realizada em seres humanos, com o objetivo de avaliar a segurança e a eficácia de um procedimento ou tecnologia em teste. Confira as fases:

  • Ensaio clínico de fase I: a vacina candidata é administrada em um pequeno número de participantes (adultos saudáveis), a fim de avaliar principalmente a segurança, bem como a dosagem e capacidade inicial de estimular o sistema imunológico.
  • Ensaio clínico de fase II: a candidata é administrada em centenas de participantes para obter mais dados sobre segurança (avaliações das diferentes dosagens sobre os eventos adversos), bem como avaliar a capacidade da vacina de estimular o sistema imunológico (imunogenicidade).
  • Ensaio clínico de fase III: a vacina é administrada a milhares de participantes, visando a confirmar a sua eficácia e segurança, conhecendo mais dados sobre imunogenicidade e reações adversas em grupos variados de indivíduos (crianças e idosos, por exemplo). Trata-se da última fase antes da solicitação do registro na Anvisa, que permite que a vacina seja comercializada e disponibilizada no Brasil.
Fonte | Assessoria Agência Saúde
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