Justiça autoriza cirurgias espirituais em centro espírita que havia sido interditado em Nova Ubiratã

Justiça autoriza cirurgias espirituais em centro espírita que havia sido interditado em Nova Ubiratã
Centro espírita estava fechado desde 2016, depois de ser alvo de mandados de busca e apreensão.

Uma decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso autorizou a realização de cirurgias espirituais em um centro espírita em Nova Ubiratã, a 506 km de Cuiabá, que está fechado desde 2016. A decisão da última terça-feira (24) atendeu a um recurso da defesa do médium responsável pelo local.

O médium Flávio Ferreira Teixeira, que atuava no centro, é acusado de estelionato, curandeirismo, charlatanismo e exercício ilegal da medicina.

Em dezembro de 2016, a Casa Fraterna Luz Divina foi alvo de mandados de busca e apreensão e desde então está fechada.

E, em abril deste ano, a Justiça autorizou a reabertura do centro espírita.

A defesa do médium recorreu da decisão da Vara Única de Nova Ubiratã. Esse recurso foi analisado e o TJMT permitiu a reabertura.

O advogado do médium Fábio Zuquetti afirmou que a operação no centro, em 2016, foi feita no momento em que ocorriam procedimentos espirituais no local. Ele também reclamou da apreensão de itens, como a água fluidificada e a pomada utilizados nos procedimentos.

A relatora do recurso no TJMT, a desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, se referiu à interrupção do culto e apreensão de bens como abusivas.

O centro funcionava como um “hospital espiritual”, onde as pessoas prestavam seus cultos a seus guias e recebiam curas espirituais de entidades de luz que incorporam no médium, diz a defesa no recurso julgado pela Corte.

De acordo com as investigações, Flávio Ferreira Teixeira e Sabino Maggioni teriam lucrado cerca de R$ 8 milhões em 2016, sob a prática de curas, consultas e cirurgias espirituais, sem nenhuma comprovação científica de resultados ou contraindicações, mediante cobrança de valores e ou doação espontânea.

Os acusados alegam que na época do funcionamento havia uma campanha de arrecadação de valores que era facultativa e sem caráter obrigatório e que, como consta no processo, os recursos eram destinados à construção de alojamentos e refeitório.

Durante o julgamento, o advogado disse que solicitar e receber contribuições voluntárias financeiras e de outro tipo, de particulares e instituições, é legitimado não só aos espíritas como também a católicos e evangélicos. Argumentou também que as cirurgias espirituais realizadas no local não têm corte físico e são feitas em pacientes seguidores da doutrina espírita ou espiritualista, e que nunca aconselharam “aos fieis o abandono do tratamento médico secular”.

Na sessão, o desembargador Mário Kono disse que a proibição contraria a moral, o bom senso e a liberdade religiosa. Apesar da decisão judicial recente, o local segue fechado por falta de condições financeiras para funcionamento.

Fonte | G1

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