Livro ilustrado da Panini é lançado com o objetivo de divulgar o torneio que acontece em junho, mas preços maiores e falta de promoção prejudicam a popularidade
Ao entrar no site da Editora Panini, responsável pela maioria dos álbuns, revistas em quadrinhos e mangás comercializados no Brasil, o primeiro anúncio visível é do livro ilustrado da Copa do Mundo da Rússia 2018. Mesmo quase um ano após o início do Mundial masculino, a estratégia publicitária da Panini foca na venda dos cromos restantes para quem não completou o produto, oferecendo um desconto de até 70% do preço original. Navegando pela página inicial, outros destaques no topo são os álbuns do último filme dos Vingadores e da Copa América 2019, que começa dia 14 de junho. Apenas depois de passar o cursor pelas seções de Marvel, Turma da Mônica e DC Comics, o internauta descobre que a editora também está comercializando o álbum da Copa do Mundo feminina, cuja estreia está marcada para o próximo dia 7 de junho em Paris, na França.
Na parte menos visível do seu site, a Panini anuncia o starter pack do colecionador do álbum feminino, um kit que contém o livro de capa dura do torneio e mais 12 envelopes, cada um com cinco figurinhas, por 59,90 reais. O mesmo pacote da Copa do Mundo masculina de 2018 era vendido por 49,90 reais —diferença maior do que a inflação do período. As diferenças de preços não param por aí; o álbum de capa cartão dos homens, com suas 80 páginas e 32 seleções, custava 7,90, enquanto o das mulheres, que tem 56 páginas e 24 seleções, custa 8,90. O pacote com cinco figurinhas, que tinha o preço de 2 reais no livro do torneio na Rússia – um aumento de 100% em relação ao preço dos cromos no Mundial do Brasil, em 2014 –, agora custa 2,50 reais. Desta forma, o consumidor que não tirasse nenhuma figurinha repetida teria que gastar, em 2018, 280 reais para completar o álbum masculino. Agora, o fã do torneio feminino precisa desembolsar no mínimo 240 reais para completar seu livro, mesmo com o álbum da Copa das mulheres tendo 200 figurinhas a menos que o da Copa dos homens.
“O preço dos produtos comercializados no Brasil são compatíveis aos valores praticados nos países que venderão os envelopes com cromos e álbuns”, justifica José Eduardo Martins, presidente da Panini Brasil. “O valor praticado reflete também a todos os investimentos da empresa em oferecer um produto diferenciado aos colecionadores, além do desenvolvimento de novas ações, tecnologias, conteúdos impressos e virtuais para enriquecer e eternizar a experiência de colecionar”. Ao contrário da edição do Mundial da Rússia, o da França ainda não teve uma versão virtual do álbum disponibilizado pela Panini. Também é possível comparar o número de figurinhas especiais do livro, que vão além daquelas presentes nas páginas de cada seleção e contemplam brilhantes como a taça do torneio, a bola oficial e o mascote: seis no álbum feminino contra 17 do último álbum masculino, que homenageou as seleções campeãs mundiais em duas páginas extras da publicação.
Representatividade
O Mundial acontece desde 1991, mas é apenas a terceira vez que a Panini lança o álbum do torneio. A primeira, em 2011, foi vendida apenas na Alemanha, que era o país sede da Copa feminina. Na edição de 2015, ele chegou ao Brasil, com as mesmas 56 páginas e 19 cromos por país, mas com o pacotinho de cinco figurinhas custando 1 real. Martins reforça a importância do produto da editora para o fortalecimento da modalidade. “A Panini é parceira da FIFA e abraçou a decisão da organização em promover ativamente o futebol feminino em todo o mundo. Para nós, é um prazer fazer parte dessa história e de participar na promoção da categoria”.
A colecionadora Nara concorda com a importância da publicação do álbum para quem deseja acompanhar os torneios femininos mais de perto. “Acho fantástico e fundamental ter um álbum da Copa feminina como uma forma de fortalecer o esporte”. Ela conta que, como são-paulina, acompanha seu time a nível nacional; o São Paulo, assim como outros clubes tradicionais, iniciou em 2019 a empreitada com equipes profissionais femininas graças a uma nova obrigatoriedade imposta pela CBF e pela Conmebol. No entanto, através do livro ilustrado, ela também busca se aproximar do futebol feminino internacional. “Comprei também para conhecer a modalidade em uma escala mundial. Saber quem são as jogadoras, quais os perfis e as seleções favoritas de cada grupo. É bom sair um pouco da figura da Marta; ela é um ícone, mas o futebol feminino é muito mais do só que ela”.
A SELEÇÃO BRASILEIRA
Bárbara, Mônica, Poliana, Rilany, Tamires, Camila, Tayla, Daiane, Rafaelle, Andressinha, Andressa Alves, Formiga, Thaisa, Beatriz Zaneratto, Débora, Adriana e Marta foram as jogadoras escolhidas pela Panini para representar a seleção brasileira no álbum da Copa do Mundo 2019. Destas, Rilany, Camila, Daiane, Rafaelle e Beatriz não foram convocadas pelo treinador Vadão para os amistosos de abril contra Espanha e Escócia. Duas derrotas nestes dois amistosos fecharam uma sequência de nove jogos perdidos nos últimos dez disputados por Vadão desde julho de 2018. Nesta quinta-feira, 16, às 11h, o treinador anuncia as 23 convocadas para o Mundial da França. O Brasil está no grupo C da Copa, com Austrália, Itália e Jamaica, e estreia em Grenoble, no dia 9 de junho, contra as jamaicanas.
Fonte | El País