Endividar-se para poder pagar dívidas mais antigas. Esta tem sido a realidade dos servidores públicos do Estado de Mato Grosso. Encurralados por uma série de atrasos no pagamento de seus salários, os funcionários públicos só conseguem pagar as contas atrasadas contraindo empréstimos com amigos, parentes e com bancos.
Uma das categorias mais prejudicadas tem sido a dos professores da rede pública. É o caso de Bruna Pastore, professora da rede estadual. Ela conta ao jornal A Gazeta que já emprestou dinheiro do pai, do namorado, que é trabalhador autônomo, e da tia, que é aposentada. Com o aluguel atrasado, ela conta com a ajuda do proprietário do imóvel, que disse que aguardaria o pagamento do Estado.
“Para não fica atrasado demais eu tive que pedir empréstimo para três pessoas diferentes”, conta. “Eu não estou indo trabalhar porque estou de férias, mas eu não recebi férias também”, explica a professora.
A dinâmica da falta de regularidade nas contas tem sido a mesma para a maioria dos servidores: a falta de certeza sobre em qual data registrar o vencimento das contas e a dificuldade de pagar cartões de crédito, reclamação comum. Com as sucessivas mudanças nas datas de pagamentos, iniciadas no governo Pedro Taques, muitos não sabem qual prazo adotar.
“Esta conta do cartão de crédito eu já mudei de data quatro vezes e agora eu não sei para que data eu coloco, antes era no dia 10, aí veio um boato de que pagaria no dia 20, coloquei a data no dia 21, quando eu vi não ia receber em nenhuma destas datas, só no dia 30”, lamenta.
O atraso aluguel também foi um dos principais impactos provocados nas contas do servidor Augusto Pereira, efetivo do estado. Além disso, Augusto enumera as dívidas que acumulou no cartão de crédito e no cheque especial, todos pagos com multa.
“Neste mês eu já tinha transferido a data do pagamento para o dia 21, então eu não posso mudar de novo antes de 30 dias. Em janeiro eu vou pegar um empréstimo para pagar o cartão, vou pagar o juro da multa, a multa e mais juros deste empréstimo”, relata.
O servidor relata que, por conta dos atrasos, sua produtividade tem sido afetada. Ele diz que a maioria de seus colegas de trabalho também está emprestando para poder pagar as contas, principalmente o cartão de crédito. O risco do endividamento nestes casos é muito grande.
“Os servidores estão sendo responsabilizados por um desequilíbrio que não foi causado por nós, o Estado só arrecada e funciona conosco”, diz. “Eu tenho medo porque é a mesma política anterior, como dizem que agora vai entrar nos eixos se é a mesma política”, afirma.
Fonte | Gazeta Digital
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