Diogo Vinicio morreu no dia 2 de novembro em decorrência de uma pneumonia. Pais da criança também estão com dificuldades para registrar o caso em delegacia.
A luta para tentar salvar a vida da criança começou no dia 15 de outubro, na UPA de Cabuçu em Nova Iguaçu, após o menino ter dado entrada no local com forte febre e crise de convulsão.
Com a alegação de que a máquina de raio-x estava quebrada e que o pulmão da criança estava limpo, Diogo foi apenas medicado e, em seguida, liberado. No dia 26, o menino voltou a ter febre alta, convulsões e foi para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse), onde a família recebeu a informação de que o menino estava sem nenhum quadro grave. Mais uma vez, ele foi liberado sem fazer raio-x.
Um dia depois, vendo que o filho tinha piorado muito, a mãe da criança, Deiviane Alves, e o pai, Diogo de Oliveira, voltaram para a UPA de Cabuçu, onde, novamente, ouviram que o pulmão dele estava “totalmente limpo”.
No dia 2 de novembro, a criança morreu no Hospital Carlos Chagas, em decorrência de choque séptico, convulsão e pneumonia. A família acusa a UPA de Cabuçu e o Hospital da Posse de negligência.
“A médica da Posse disse para mim: ‘Pai, não precisa fazer raio-x. Só fazemos quando percebemos que é algo grave’. Mesmo eu explicando que ele estava com febre alta há dias, catarro e com o pulmão roncando muito, ela não quis fazer. Meu filho morreu dias depois”, contou o pai da criança.
Apenas no Hospital 21 de Julho, em Queimados, no dia 31 de outubro, que Diogo fez o raio-x, mas seu quadro já era muito grave e o local não tinha condições para tratar o menino.
Os pais do menino alegam que o Hospital da Posse disse que não tinha vaga para receber a criança de volta e, somente após uma ordem judicial, o menino foi transferido para o Hospital Carlos Chagas, onde morreu.
Pedido de ajuda nas redes sociais
Diante de tanto descaso, Deiviane chegou a fazer um vídeo ao vivo no Facebook, desesperada, pedindo ajuda para que conseguissem uma ambulância para a transferência da criança. A mãe também fez imagens que mostram um médico na UPA de Cabuçu dizendo que o pulmão do filho estava “totalmente limpo”.
Um funcionário da unidade explicou que a máquina está há cinco meses sem funcionar.
“O médico que recebeu meu filho no Carlos Chagas disse que se ele demorrase mais 5 minutos, morreria dentro da ambulância. Levei meu filho numa ambulância que não tinha balão de oxigênio, não tinha espaço e sem recurso algum. Meu filho ficou convulsionando 11 horas direto, em estado gravíssimo”, acrescenta Diogo Oliveira.
“Ele era uma criança pura, indefesa. Só precisava de ajuda e não quiseram ajudar a gente. Nossa família está destruída”, acrescenta o pai.
Dificuldade para registrar o caso
Deiviane pediu os prontuários do filho e nenhuma das unidades de saúde forneceu. Ela também afirma que tentou registrar a ocorrência duas vezes na 52ª DP (Nova Iguaçu). Na primeira vez, ela foi informada que os agentes estavam muito ocupados e que o caso dela não era tão grave. Na segunda, policiais pediram que ela fizesse o registro da 53ª DP (Mesquita). Como se não bastasse a dor de perder um filho, a família ainda tem encontrado dificuldades para registrar o caso.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que lamenta a morte do paciente. Veja abaixo a nota na íntegra:
A Secretaria de Estado de Saúde informa que lamenta a morte do paciente Diogo Vinicio Alves Pinto. A SES ressalta que a direção da Unidade de Pronto Atendimento informou que o paciente deu entrada na unidade no dia 27/10, foi acolhido e avaliado pela equipe médica. A criança passou por exames laboratoriais que não apresentaram sinais de quadro infeccioso. O paciente foi liberado com orientação.
Após cinco dias (01/11) o paciente deu entrada no Hospital Estadual Carlos Chagas com quadro de insuficiência respiratória. Foi avaliado pela equipe médica, internado em unidade de terapia intensiva, acompanhado e medicado. No dia seguinte a criança evoluiu para óbito.
Quanto à solicitação de cópia do prontuário, o responsável legal deve se dirigir ao setor de documentação médica da unidade e protocolar a solicitação.
Já o Hospital da Posse informou que a direção abriu uma sindicância para investigar os fatos.
A direção do Hospital Geral de Nova Iguaçu informa que, assim que tomou ciência do caso, abriu uma sindicância para investigar os fatos alegados. E, nesta segunda-feira (27/11), o Conselho de Ética Médica será notificado. Desde já, a direção se coloca à disposição da família para prestar esclarecimentos.
Fonte | G1
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