Sem leitos de UTI nos hospitais públicos e privados e contaminação crescendo, médicos defendem o fechamento das cidades para frear a pandemia e manejar deficiências do sistema de saúde

Os médicos que atuam tanto na área pública, quanto na privada, defendem a adoção de medidas mais drásticas para contornar o colapso enfrentado pela saúde. Para eles, o ideal é que a quarentena obrigatória fosse aplicada em todo Estado mas, caso isso não ocorra, Cuiabá e Várzea Grande devem acatar a decisão judicial e  até cogitar atitudes mais severas de isolamento.

O médico da família que atua na linha de frente, Werley Peres, defende o lockdown. “Lockdown é literalmente ninguém sair de casa. Já estamos com o sistema colapsado. Desde domingo (21) percebemos que a situação se complicou muito e independente se outras cidades estão fechadas ou não, Cuiabá e Várzea Grande já representam mais de um quarto da população”, afirma.

Werley ressalta que os resultados não são imediatos e que chegariam com duas semanas, mas aliviariam os prontos-atendimentos em vez de piorar, como vem acontecendo.

“Engano é achar que o problema é só no público, o sistema privado está chegando no seu gargalo”, afirma Werley Peres

“Engano é achar que o problema é só no público, o sistema privado está chegando no seu gargalo. Fazer o lockdown é dar condições para que a gente possa atender as pessoas dentro da capacidade instalada do serviço de saúde. Não há outra forma de encarar essa doença no momento. O lockdown é oferecer menos riscos à população e possibilitar o atendimento para os infectados”, finaliza Werley.

O cirurgião pediátrico Osvaldo Mendes vai um pouco mais além e defende que é necessário que seja feito um teste em massa nas pessoas assintomáticas e que trabalham em contato com o público, como servidores da saúde, entregadores de delivery, atendentes de mercados e farmácias.

“Testar quem está com sintomas é redundante. É enxugar gelo. A população precisa ser testada, principalmente aqueles que estão em contato direto com as pessoas”, defende o médico.

Osvaldo critica as ações dos gestores públicos quanto às estratégias adotadas para o enfrentamento da pandemia e coloca que o “boom” de casos era algo esperado. Ressalta que deveria ter tido a ampliação de leitos e utilização de protocolos preventivos. “Infelizmente, não há outra saída no momento a não ser o lockdown por pelo menos 15 dias, para desafogar a saúde”, ressalta o médico.

O cirurgião conta que a situação ficou tão caótica que já teve que operar duas crianças com covid-19, uma de quatro e outra de sete anos. Além disso, ele pondera que mesmo que os resultados ainda sejam empíricos, aos primeiros sintomas deve-se iniciar o uso de medicamentos como ivermectina, hidroxicloroquina, azitromicina, desde que prescritos e com orientação médica. Sendo essa uma forma de evitar agravamento nos casos de pacientes com coronavírus.

“Saio de casa, pois tenho que trabalhar, mas saio com receio e com medo do vírus. Suspendi cirurgias eletivas e atendimentos no consultório. Estou apenas na emergência”, relata.

Fonte e Foto | RMT

Juiz determina lockdown em Cuiabá e Várzea Grande por 15 dias
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