Diante dos mais de 101 mil infecções da síndrome respiratória COVID-19, uma corrente de solidariedade (e até mesmo praticidade) tem tocado as principais nações do globo, em busca de terapias e formas de combate da epidemia.

Nesse cenário, entre os dias 16 e 24 de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou 25 cientistas para a China, onde puderam pesquisar e trocar informações sobre o novo coronavírus SARS-CoV-19. Afinal, o país oriental é considerado como o epicentro da epidemia e foi a primeira nação a apresentar casos do vírus.

A comitiva internacional juntava profissionais da área de saúde vindos de países como Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Nigéria, Rússia, Cingapura e Estados Unidos, que foram recebidos por autoridades chinesas que têm enfrentado o maior número de casos do novo coronavírus.

Após a viagem de nove dias, os cientistas descreveram suas descobertas sobre como a doença se espalha e quais são os principais grupos de risco em um relatório publicado pela OMS. A seguir, confira uma lista com 10 grandes descobertas e observações feitas pelos especialistas sobre o novo coronavírus:

  1. Até o final de fevereiro, a idade média das pessoas com COVID-19, na China, era de 51 anos. Sendo que a maioria, o que representa cerca de 78% dos casos, eram pessoas entre 30 e 69 anos;
  2. Estima-se que os morcegos foram a primeira fonte desse novo coronavírus, mas não está claro ainda que espécie de animal serviu de “hospedeiro intermediário”, ou seja, aquele que transmitiu o vírus aos seres humanos;
  3. COVID-19 é, primordialmente, transmitido através de “contato desprotegido próximo”. No entanto, o relatório defende que a propagação no ar “não é considerada uma das principais causas de transmissão”;
  4. A disseminação de humano para humano na China “está ocorrendo em grande parte nas famílias”, que são ambientes de convívio privado, onde as pessoas mais se descuidam por se julgarem protegidas. O relatório ainda acrescenta que 78% a 85% dos “aglomerados” de casos de coronavírus estavam em famílias;
  5. O SARS-CoV-19 “é um patógeno recém-identificado” e “não há imunidade preexistente conhecida em humanos”, afirma o relatório. Em outras palavras, “todo mundo é considerado suscetível, embora possa haver fatores de risco aumentando a suscetibilidade à infecção”;
  6. Para pessoas menores de 18 anos, “existe uma taxa de ataque relativamente baixa”, argumenta o relatório com base nos dados chineses. Por exemplo, não foi encontrado nenhum caso positivo de coronavírus em crianças em Wuhan em novembro, dezembro ou nas duas primeiras semanas de janeiro. Além disso, o relatório afirma que as fontes entrevistadas pelos pesquisadores “não conseguiam se lembrar” de casos em que uma criança transmitia o vírus a um adulto;
  7. Os sintomas do COVID-19 podem variar de nenhum sintoma “a pneumonia grave e morte”. Em média, problemas respiratórios leves e febre começam cinco a seis dias após a infecção, segundo o relatório.
  8. Nos mais de 55.000 casos chineses estudados, os sintomas incluíam: febre (87,9%), tosse seca (67,7%), fadiga (38,1%), produção de muco do sistema respiratório (33,4%), falta de ar (18,6%), dor de garganta (13,9%), dor de cabeça (13,6%) e calafrios (11,4%)
  9. Cerca de 80% dos pacientes confirmados tiveram casos leves a moderados de COVID-19, sendo que, somente, 13,8% tiveram casos graves e 6,1% foram considerados críticos, com insuficiência respiratória e falência de múltiplos órgãos;
  10. Quanto às condições pré-existentes e idade que mais alteram a gravidade da infecção, os cientistas chegaram à conclusão de que pessoas com mais de 60 anos e pacientes “com condições subjacentes, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas e câncer” correm um risco maior de ficar gravemente ou fatalmente com COVID-19. Já nas crianças, a doença “parece ser relativamente rara e leve”, com apenas 2,5% dos casos em crianças sendo considerados graves e 0,2% críticos.

Confira o documento completo, chamado de Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19), redigido pelo grupo de cientistas aqui.

Fonte | Canaltech

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