Acidente aconteceu em dezembro de 2018 quando jovens atravessavam a Avenida Isaac Póvoas. Juiz acolheu posicionamento do MPE e arquivou inquérito sobre conduta de sobrevivente que dançou na faixa de pedestres.
A professora universitária Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, de 33 anos, virou ré na Justiça por ter atropelado três estudantes em frente a uma casa noturna de Cuiabá, em dezembro de 2018. A denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) foi aceita na quarta-feira (6) pelo juiz Flávio Miraglia Fernandes, da Décima Segunda Vara Criminal.
O MPE havia denunciado Screnci por homicídio, na modalidade de dolo eventual (por duas vezes), e homicídio tentado.
A motorista pagou o valor da fiança e foi posta em liberdade no dia seguinte, 24 de dezembro de 2018.
No inquérito que investigava a conduta de uma das vítimas do acidente, a polícia apurava a coautoria de Hya Girotto Santos, de 21 anos, no acidente.
Para o MPE, ela não poderia ser denunciada por participação, pois não houve vínculo entre consciente com a motorista da caminhonete.
Na mesma decisão, Miraglia concordou com a posição do MPE e decidiu pelo arquivamento do inquérito em relação a conduta de Hya no acidente.
A Polícia Civil havia indiciado a jovem por ter influenciado no acidente já que teria dançado na faixa de pedestres e chamado a atenção dos outros jovens atropelados.
O caso
No dia 23 de dezembro do ano passado, Rafaela atropelou Mylena de Lacerda Inocêncio, de 22 anos, Ramon Alcides Viveiros, de 25 anos, e Hya Giroto Santos, que atravessavam a Avenida Isaac Póvoas.
Mylena morreu no local do acidente. Ramon morreu cinco dias após o acidente. Hya deixou o hospital depois de 23 dias internada e quatro cirurgias.
Segundo o MPE, as investigações constataram que Rafaela dirigia sobre efeito de bebida alcoólica e em alta velocidade.
Motorista conduzia caminhonete e se recusou a fazer o teste do bafômetro — Foto: Polícia Civil/Divulgação
“Imagens de câmeras instaladas da Boate Malcon, onde a denuncianda estava até poucos momentos antes, mostram que ela cambaleava à porta de um banheiro, com ânsia de vômito”, aponta trecho do argumento do MPE.
Investigação
O delegado titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), Christian Cabral, afirmou que os dois laudos produzidos durante o inquérito apontam que a motorista do carro que atropelou os jovens tinha plena visibilidade da presença das vítimas Myllena e Ramon.
Além disso, Rafaela não teria reduzido a velocidade de seu veículo, como outros que passaram pelo local anteriormente teriam feito, e nem teria realizado qualquer manobra para evitar o atropelamento.
Já Hya Giroto foi indiciada porque após Myllena e Ramon estarem a dois metros de concluírem com segurança a travessia da pista, ela teria voltado para a faixa central para dançar, quando Myllena e Ramon viraram de costas aparentemente para ver o que Hya estava fazendo.
Eles teriam permanecido nesta posição, sem condições de perceberem a aproximação do veículo conduzido por Rafaela e consequentemente de terem condições de esboçarem qualquer reação, até o momento do acidente.
Fonte | G1