Houve um tempo em que a expectativa de vida do brasileiro era muito baixa, baixíssima mesmo. Para se ter uma ideia dessa evolução, na década de 1960, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o cidadão comum vivia em média 54 anos no país. No final de julho deste ano, o mesmíssimo Instituto divulgou que a expectativa de vida atual é de 76 anos. Ou seja, 22 anos a mais de longevidade – o que, convenhamos, não é pouca coisa. Quase uma geração inteira!

Assim sendo, aquele antigo dito popular, segundo o qual a vida começa aos 40 anos, já não faz tanto sentido. Hoje, há quem afirme que a vida doBrazilian citizen começa para valer é aos 50, ou aos 60, época em que a maioria de nós vai se aposentar, graças às manobras de nossos políticos e do Governo Federal. Eu, particularmente, prefiro pensar que a vida começa todos os dias da nossa (breve) vida…

Independentemente das suas convicções ou crenças quanto a esse quesito, dear reader, é preciso lembrar aqui que esse dito popular, dentre outras coisas, nos leva a pensar também que nunca é tarde para aprender algo na vida, não importando a área do conhecimento humano a que estamos nos referindo. No campo específico do ensino/aprendizado de línguas estrangeiras, exemplificando, uma das prioridades daqueles que já são cinquentenários é justamente tentar ter tempo para se dedicar ao aprendizado da língua inglesa (raramente outro idioma) a fim de aproveitar mais a vida, viajar para conhecer novos lugares, novas culturas e outras pessoas, dado ao fato do alongamento da nossa longevidade. Nessas horas (já ouvi isso tantas vezes!), nenhum dinheiro no mundo substitui o prazer (e a utilidade) que há quando a própria pessoa é capaz de se comunicar num país estrangeiro na língua franca do momento, que é o inglês, of course.

Infelizmente, porém, para a maior parte daqueles que estão nesta fase de maturidade, aquelas noções básicas aprendidas na época do colégio, nas décadas de 1970 ou 1980, quando as metodologias e as necessidades eram bem diferentes das que temos atualmente, já não permitem as mesmas interações de antigamente. Em outras palavras, a ênfase ao gramatiquês e à tradução (quando não à “pronúncia figurada”) deu lugar à fluidez e à proficiência comprovada na interação/conversação nas suas mais diversas possibilidades (trabalho, lazer, viagem etc.).

Outra parcela desses aprendizes em potencial, de certa forma, ainda traumatizada por causa das experiências negativas que teve em sala de aula, ou mesmo devido a ideologias que se mostraram equivocadas com o decorrer dos anos, flerta hoje com a ideia de que é muito mais do que “interessante” (voltar a) aprender a língua inglesa. Acredita-se, pois, que, para o indivíduo ter uma vida mais recheada de oportunidades, nada melhor que entender as músicas e os filmes de que interessam a ele, bem como pesquisar na Internet, interagir pelas redes sociais etc. E o mais importante: poder fazer tudo isso com um leque maior de opções e com muito mais pessoas se isso for feito na English language.

Hoje em dia, as atividades são (ou pelo menos deviam ser) muito mais dinâmicas, interativas e lúdicas, com ênfase na comunicação e na conversação, aliando lazer/prazer e aprendizagem, para que, no médio ou longo prazo, essa história de que o inglês que se tem é/está “enferrujado” e o medo (ou pavor, mesmo!) de conversar com estrangeiros sejam coisas do passado. Afinal, no mundo globalizado em que vivemos atualmente, repleto de exigências e indecências, não dá mais para se sentir deslocado e (sempre) deixar para depois o que se pode (ou se deve!) fazer hoje.

Muito mais do que um “diferencial”, que é como o mercado de trabalho gosta de se referir à língua inglesa nos currículos de seus candidatos a vagas de emprego, eis uma forma assertiva de, como se diz naquele outro ditado popular, matar dois coelhos com uma cajadada só: melhoria da carga cultural e exercício mental para (quem sabe?) prevenir ou minimizar o aparecimento do Mal de Alzheimer, dentre outras enfermidades.

Food for thought!

Jerry Mill | Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis e autor da biografia Lamartine da Nóbrega – Uma História Como Nenhuma Outra

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