Profissionais do local denunciam o sucateamento do mobiliário, a superlotação no box de emergência, a falta de materiais e a qualidade dos insumos.

Funcionários do Hospital Regional de Rondonópolis, protocolaram uma denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) devido às condições precárias na estrutura do prédio.

O hospital atende pacientes de 19 municípios, principalmente das regiões sul e sudeste do estado.

Os profissionais do local denunciaram o sucateamento do mobiliário, a superlotação no box de emergência, a falta de materiais e a qualidade dos insumos que estouram facilmente nas mãos dos funcionários.

“Fiz um plantão na semana passada e precisava de um EPI (Equipamento de Proteção Individual) na UTI para fazer um raio-x de um paciente que estava no isolamento e eles não tinham o equipamento. Fiz um registro relatando que não realizei o exame por falta do EPI”, relatou a técnica em radiologia Marisa Machado.

O Instituto de Gestão em Saúde (Gerir) de Goiás, que administra o hospital há um ano, negou a falta de equipamentos e garantiu que os estoques no hospital estão abastecidos.

“As nossas compras são feitas para 60 dias e todos os meses renovamos os estoques. No entanto, é um hospital público e temos uma padronização de medicamentos. O que pode ter acontecido é uma descrição de produtos não padronizados”, explicou Silmara Ferraz, coordenadora do Instituto.

Os funcionários apresentaram à Promotoria vídeos e fotos mostrando como está a situação da unidade e pediram que um inquérito seja aberto para investigar as condições do hospital.

Um vídeo gravado pelos profissionais mostra um vazamento de água com mal cheiro saindo pela tubulação. Devido ao vazamento recorrente, o local ficou alagado e os funcionários relatam medo de que o teto desabe.

Segundo os funcionários, os problemas podem ter sido provocados pelas obras de reforma e ampliação do local.

A técnica de enfermagem Marileide Santana Rodrigues, que trabalha no local há 17 anos, denunciou verbalmente, na semana passada, o que acontece dentro da unidade.

Marileide concedeu uma entrevista à imprensa na quinta-feira (2), durante uma visita técnica administrativa do secretário de Saúde do estado, Luiz Soares.

“O paciente morre de tanto esperar. Poderia ser qualquer parente de vocês, mas não é mãe de prefeito, porque eles levam para São Paulo. Os pacientes esperam até 50 dias para agendar uma cirurgia em Cuiabá e, quando retorna, chega em uma ambulância caindo os pedaços”, disse em entrevista.

Depois da declaração, Marileide teria sido punida pelo Instituto Gerir que administra o hospital.

“Fui convidada a ler um documento, escrito pelo meu chefe e orientado pelos três diretores da Gerir, dizendo que eu fiquei ausente por 40 minutos, mas isso não é verdade. Está tudo documentado, estou com provas”, disse.

Os argumentos verbais foram passados para um documento, que foi encaminhado ao MPE. Alguns funcionários que trabalham e outros que já trabalharam no hospital estão acompanhando Marileide no MPE.

“Eu acredito que as coisas podem melhorar, mas só vão melhorar se a gente sair da zona de conforto e vim dar a ‘cara a tapa’, como a Marileide fez”, disse a assistente administrativa, Cristiane Colim.

Fonte | G1

Print Friendly, PDF & Email
(Visited 1 times, 1 visits today)