Pesquisadores descobriram que o peixe killifish turquesa, da espécie Nothobranchius furzeri, pode atingir a maturidade sexual em cerca de duas semanas após seu nascimento, sendo o desenvolvimento mais rápido conhecido entre os animais vertebrados.

Nativo de partes da África Oriental, como Zimbabwe e Moçambique, o peixe aperfeiçoou suas próprias adaptações ao meio ambiente. Os embriões são capazes de entrar em um estado de diapausa, semelhante à hibernação em ursos, quando as condições não são benéficas.

Dependendo das circunstâncias, os embriões ficam dormentes, em uma estratégia reprodutiva que prolonga seu período gestacional e os ajuda a sobreviver a condições desfavoráveis, como uma estação de seca.

Mas quando chove o peixe passa por um rápido crescimento, indo de juvenis a adultos maduros, capazes de se reproduzir em 14 dias.

Peixes Nothobranchius furzeri com 7 dias de vida (Foto: M. Vrtílek, J. Žák, M. Reichard)

Martin Reichard, biólogo do Instituto de Biologia de Vertebrados da Academia Tcheca de Ciências, liderou uma equipe em Moçambique para estudar os estágios de desenvolvimento do peixe na natureza. Lá, eles puderam observar embriões enterrados na areia que haviam entrado em estado dormente. Os especialistas ainda documentaram a maturação do animal após ciclos de chuvas.

Segundo os pesquisadores, N. furzeri tem um início mais precoce de envelhecimento do que outros vertebrados. “O peixe apresenta deterioração celular e mudanças que são comparáveis à encontradas em seres humanos envelhecidos”, disse Reichard ao jornal The New York Times.

Os estudiosos também descobriram que o ciclo de vida do animal depende do ambiente em que o embrião é colocado. Durante longos períodos de seca, por exemplo, os embriões serão submetidos a três períodos de dormência para garantir a sobrevivência.

Peixes Nothobranchius furzeri com 10 dias de vida (Foto: M. Vrtílek, J. Žák, M. Reichard)

O que torna o ciclo de vida deste peixe diferente de outros vertebrados é um traço comumente encontrado em invertebrados: os embriões imitam uma casca protetora que os protege de condições severas.

“Normalmente, os vertebrados lidam com condições adversas durante o estágio adulto, como os ursos no inverno. No entanto, com os embriões do peixe isso pode ser observado durante os primeiros estágios de desenvolvimento”, explicou Reichard.

Com a descoberta, especialistas esperam aprender mais sobre o processo de envelhecimento em outros bichos vertebrados e até dos seres humanos.

Fonte | Galileu

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