UNICEF lança revisão global sobre impacto de ultraprocessados na infância

UNICEF lança revisão global sobre impacto de ultraprocessados na infância

Documento reúne evidências atualizadas sobre os riscos dos ultraprocessados para a saúde e o desenvolvimento de crianças e adolescentes, em complemento a publicação recente do The Lancet 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou, nesta quarta-feira (03), a publicação Alimentos Ultraprocessados e Crianças – Uma revisão atualizada (tradução livre). O documento reúne, de forma inédita, as evidências mais recentes sobre os impactos do consumo de ultraprocessados na saúde de crianças e adolescentes. O lançamento ocorre em complemento à recém-lançada série de artigos da revista The Lancet, intitulada Alimentos Ultraprocessados e Saúde Humana e apresentada também nesta quarta em um evento com a participação do UNICEF, na sede da Fiocruz, em Brasília.
 

Elaborada por especialistas internacionais, a publicação do UNICEF aprofunda o debate sobre os efeitos dos ultraprocessados no desenvolvimento infantil, destacando seu papel decisivo no desequilíbrio nutricional e sua associação com sobrepeso, obesidade, erosão dentária e cáries. A análise também reúne evidências emergentes que relacionam o consumo desses produtos a outras formas de desnutrição, como atraso no crescimento e anemia, maior risco de diabetes tipo 2 na vida adulta e possíveis impactos na saúde mental.
 

Para o representante do UNICEF no Brasil, Joaquin Gonzalez-Aleman, proteger meninos e meninas da exposição intensiva a produtos ultraprocessados é necessário para que eles possam crescer, se desenvolver e viver plenamente. “Se os adultos já sofrem com esse ambiente alimentar, as crianças e adolescentes são ainda mais vulneráveis. Por isso, o UNICEF trabalhou para reunir e sintetizar as evidências sobre como os ultraprocessados impactam diretamente a nutrição e a saúde infantis, um campo em que ainda há menos estudos focados. Esperamos que essa revisão, lançada globalmente, contribua para orientar políticas públicas mais protetivas para as novas gerações”, afirmou.
 

A revisão reúne análises de diversos estudos feitos por instituições de referência, como a Universidade de São Paulo, o Instituto Nacional de Saúde Pública do México, a Universidade de Sidney e a Universidade de Gana. Os capítulos tratam desde respostas de políticas públicas e transformações necessárias nos sistemas alimentares até evidências sobre bebidas açucaradas, produtos ultraprocessados destinados a bebês e crianças pequenas e tendências em regiões emergentes, como a África Ocidental.
 

Obesidade supera a desnutrição globalmente

Em setembro, o UNICEF divulgou o relatório “Alimentando o Lucro: Como os Ambientes Alimentares estão Falhando com as Crianças”, que revelou que, pela primeira vez, a obesidade superou a desnutrição entre crianças e adolescentes em idade escolar no mundo. O documento expõe como ambientes alimentares cada vez mais marcados pela presença de ultraprocessados, inclusive em países de baixa e média renda, estão afastando crianças e adolescentes de dietas tradicionais e as conduzindo a padrões alimentares prejudiciais à saúde.
 

No Brasil, a obesidade superou a desnutrição como o tipo de má nutrição mais comum desde antes do ano 2000. Naquele ano, o percentual de meninos e meninas brasileiros de 5 a 19 anos com obesidade era de 5%. Esse número triplicou até 2022, quando chegou a 15%. Já o número de meninos e meninas em desnutrição aguda (baixo peso para altura) diminuiu de 4% para 3% no mesmo período. O percentual de crianças e adolescentes com sobrepeso no país também cresceu, dobrando de 18%, em 2000, para 36% em 2022, nessa faixa etária.
 

Segundo Joaquin Gonzalez-Aleman, o Brasil avançou com medidas como a implementação da rotulagem frontal e aspectos da recente reforma tributária. Ainda assim, é necessário enfrentar as ações negativas da indústria e fortalecer a ação dos governos.
 

“A criação de ambientes escolares saudáveis, incluindo com a restrição da oferta e comercialização de alimentos pouco saudáveis nesses espaços é uma frente prioritária para o UNICEF. Por isso, estamos acompanhando a tramitação do PL 4.501/2020, um passo fundamental para garantir que meninos e meninas estejam menos expostos a ultraprocessados no ambiente escolar. O UNICEF também espera que o imposto seletivo sobre bebidas açucaradas, proposto na reforma tributária brasileira, seja implementado”, finaliza o representante.
 

Série The Lancet

O lançamento da publicação ocorre no mesmo dia em que o UNICEF participou de um evento realizado na Fiocruz, em Brasília, dedicado à apresentação da Série Lancet: Alimentos Ultraprocessados e Saúde Humana. Durante o encontro, os pesquisadores Carlos Monteiro, Patrícia Jaime e Phillip Baker, que também contribuíram para a revisão global do UNICEF, apresentaram evidências científicas centrais sobre os impactos dos ultraprocessados na saúde humana e nas transformações dos sistemas alimentares.
 

Além do representante do UNICEF, também estiveram presentes a diretora da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN/MDS), Patricia Gentil; o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Jorge Meza; a coordenadora de Equidade, Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Saúde Mental da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Eliza Pietro Lara; a coordenadora de projetos de nutrição do Centro de Excelência Contra a Fome (WFP Brasil), Eliese Sousa; e a chef e apresentadora Rita Lobo.
 

Sobre o UNICEF

O UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, trabalha para proteger os direitos de cada criança e adolescente, em todos os lugares, especialmente os em maior situação de vulnerabilidade e nos locais mais remotos. Em mais de 190 países e territórios, fazemos o que for preciso para ajudar crianças e adolescentes a sobreviver, prosperar e alcançar seu pleno potencial. Em 2025, o UNICEF comemora 75 anos no Brasil.
 

O trabalho do UNICEF é financiado inteiramente por contribuições voluntárias.
 

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