Governo brasileiro anuncia portarias para reconhecer 10 terras indígenas

Governo brasileiro anuncia portarias para reconhecer 10 terras indígenas

Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, afirma que as portarias declaratórias devem ser publicadas a qualquer momento no Diário Oficial da União. Na semana passada, após o protesto do povo Munduruku, o governo federal já havia prometido avançar no processo de duas terras indígenas — uma delas incluída na lista divulgada hoje.


A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciou na tarde desta segunda-feira (17), durante a 30a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a emissão de portarias declaratórias para 10 novas terras indígenas. Os atos administrativos, que oficializam o reconhecimento do território como indígena e avançam o processo de demarcação, devem ser publicados “a qualquer momento” no Diário Oficial da União, segundo a ministra.


Novos territórios a serem declarados:
 

1. TI Vista Alegre (AM – Mura)
2. TI Tupinambá de Olivença (BA – Tupinambá)
3. TI Comexatiba (BA – Pataxó)

4. TI Ypoi Triunfo (MS – Guarani)
5. TI Sawre Ba’pim (PA – Munduruku)
6. TI Pankará da Serra do Arapuá (PE – Pankara)
7. TI Sambaqui (PR – Guarani)
8. TI Ka’aguy Hovy (SP – Guarani)
9. TI Pakurity (SP – Guarani)
10. TI Ka’aguy Mirim (SP – Guarani)
 

As portarias declaratórias são uma das últimas etapas formais do processo de demarcação. Elas reconhecem o perímetro da área e determinam a instalação dos limites físicos do território. Após essa fase, a terra é homologada e registrada como de usufruto exclusivo das populações que nela vivem.
 

Na semana passada, o governo brasileiro já havia informado que avançaria na demarcação de duas terras indígenas do povo Munduruku. Uma delas, a Sawré Ba’pim, aparece na lista de terras a serem declaradas divulgada nesta segunda-feira. Com isso, deve subir para 11 o número de territórios indígenas com avanços no
processo de demarcação anunciado pelo governo brasileiro ao longo da conferência do clima em Belém.
 

Há ainda outra terra indígena, a Sawré Muybu, na bacia do Tapajós, que já possui portaria declaratória e que na semana passada teve anúncio de que terá avanço para a demarcação física do território, mas ainda falta a etapa seguinte, a homologação.
 

O anúncio das 10 novas terras indígenas foi feito em um encontro de alto nível da conferência, com o objetivo de transformar promessas políticas de chefes de Estado em ações concretas de garantia de direitos territoriais. Participaram ministros de diversos países e lideranças filantrópicas que firmaram compromissos de proteção fundiária, reconhecendo povos indígenas e comunidades tradicionais como guardiões essenciais das florestas e atores centrais da agenda climática.
 

Para lideranças indígenas presentes no evento, o pacote de portarias atende a uma demanda histórica para que os territórios sejam finalmente reconhecidos como parte da solução climática, diante do papel comprovado das terras indígenas na contenção do desmatamento e na preservação da Amazônia.
 

Durante a cerimônia, Sonia Guajajara também assinou um compromisso de destinação de mais 59 milhões de hectares de terras públicas a povos indígenas, à implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e consolidação da posse da terra pós-desintrusão. Essa medida, segundo o ministério, reforça o alinhamento do Brasil aos mecanismos internacionais de proteção climática e direitos humanos.
 

Na última semana, indígenas realizaram manifestações pacíficas na porta da Zona Azul, na COP30, em Belém. No sábado (15), milhares de representantes de povos tradicionais e organizações da sociedade civil tomaram as ruas da capital paraense na Marcha Global pelo Clima. Entre as principais demandas, está o reconhecimento dos territórios tradicionais.
 

Esta reportagem foi produzida por InfoAmazonia, por meio da Cobertura Colaborativa Socioambiental da COP 30. Leia a reportagem original em no Link

Compartilhe:

Ver mais: