Professores apontam os conteúdos mais recorrentes, o que priorizar nos estudos e estratégias para garantir uma boa pontuação 

A disciplina de Educação Física integra prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem, e costuma surpreender muitos candidatos por seu caráter teórico e interdisciplinar. As questões vão muito além da prática esportiva e exigem dos alunos competências como interpretação de texto, análise crítica e conhecimento sobre temas sociais, culturais e históricos ligados ao corpo e ao movimento.
 

Para ajudar os estudantes a entenderem como essa área do conhecimento é abordada na prova, quatro professores de Educação Física compartilham orientações, conteúdos-chave e dicas de preparação.
 

Foto: Reprodução Enem

Como a disciplina costuma ser cobrada na prova?
 

Embora não tenha um número fixo de questões por edição, a Educação Física aparece de forma recorrente e, muitas vezes, integrada a outros componentes da área de Linguagens, como Artes e Literatura. As perguntas costumam abordar temas relacionados à saúde, práticas corporais, inclusão, cultura corporal e até sobre a história do esporte.
 

“O Enem explora a Educação Física como linguagem, ou seja, como forma de expressão e de inserção cultural. Por isso, é comum que as questões peçam para o aluno analisar contextos sociais a partir de práticas esportivas, danças ou atividades corporais tradicionais e contemporâneas”, explica Carlos Mendes, professor de Educação Física da Escola Internacional de Alphaville, de Barueri/SP.

O que é preciso saber para responder as questões?
 

Foto: Reprodução Enem

Mais do que dominar regras de esportes ou nomes de movimentos, o estudante precisa compreender os significados das práticas corporais e suas relações com o meio em que ocorrem. Além disso, é fundamental estar preparado para interpretar textos, imagens, gráficos e até trechos de músicas e obras de arte que dialoguem com o conteúdo.
 

“A prova valoriza o pensamento crítico. O aluno precisa entender o papel social da atividade física, refletir sobre estereótipos corporais, reconhecer manifestações culturais regionais e discutir temas como acessibilidade e saúde pública”, orienta Rodrigo Marçura, docente e coordenador de esportes do colégio Progresso Bilíngue, de Campinas/SP.

Quais conteúdos sobre Educação Física mais caem no Enem?
 

Foto: Reprodução Enem

Segundo a professora de educação física da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo/SP, Andrea de Luca, os assuntos mais cobrados incluem:

• Cultura corporal: jogos, danças, lutas e esportes;
• História e evolução das práticas corporais;
• Inclusão e acessibilidade no esporte;
• Saúde e qualidade de vida;
• Mídia e padrões estéticos;
• Corpo e identidade;
• Sedentarismo e práticas de atividade física.

“É comum aparecerem questões que discutem o corpo na sociedade, a construção de padrões de beleza, ou ainda o papel das mídias na difusão de certos modelos corporais. O Enem quer saber se o aluno consegue refletir criticamente sobre essas temáticas e propor ações transformadoras”, aponta Andrea, professora da Aubrick.

 

Dicas para gabaritar as questões de Educação Física no Enem
 

Foto: Reprodução Enem

O segredo para um bom desempenho, segundo o professor do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP, Gilberto Júnior, está em estudar com base na realidade. Relacionar os temas com o cotidiano, consumir conteúdos culturais diversos e praticar a leitura crítica de imagens e textos são estratégias fundamentais.
 

“Revisar provas anteriores é essencial para reconhecer o estilo da cobrança. Além disso, vale acompanhar notícias relacionadas à saúde, políticas públicas de esporte e inclusão, ou eventos como Olimpíadas e Paralimpíadas. Tudo isso pode virar tema de questão”, sugere o professor do BIS, que também destaca outras dicas práticas:

• Associe o conteúdo a temas de atualidades e políticas públicas;
• Pratique a leitura de textos multimodais: quadrinhos, infográficos, charges;
• Estude os marcos históricos do esporte e sua função social;
• Reflita sobre o papel da Educação Física na formação cidadã.

O Enem
 

A prova foi criada pelo Ministério da Educação em 1998, para avaliar o desempenho dos estudantes brasileiros ao final da educação básica. Com o passar dos anos, o Enem teve sua metodologia aperfeiçoada e atualmente é requisito obrigatório para acesso a programas educacionais como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
 

Este ano, as provas serão aplicadas nos dias 09 e 16 de novembro, dois domingos seguidos. No primeiro dia de prova, os alunos realizarão as questões das áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (compreende Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira/Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação) e Redação; e Ciências Humanas e suas Tecnologias (compreende História, Geografia, Filosofia e Sociologia).
 

No segundo dia, as provas serão de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (compreende Química, Física e Biologia) e Matemática e suas Tecnologias. O certame registrou mais de 5,5 milhões de inscrições, de acordo com o Ministério da Educação – número que supera a edição anterior de 2024, com aumento de 8% no número de inscritos.
 

Os especialistas
 

Andrea De Luca é pós graduada em Estudos Profissionais na Educação pela Bishop Grosseteste University College Lincoln, e em Educação Física Escolar pela Unicamp; e está finalizando mestrado em Gestão Escolar pela USP/Esalq. Atua há 29 anos como professora de educação física escolar em escolas internacionais e bilíngues, e foi voluntária nas pistas de atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Apaixonada por esportes, a docente acredita que os ensinamentos aprendidos nas aulas de educação física, como cooperação, trabalho em equipe, respeito ao próximo, às regras e às diferenças, transcendem as linhas da quadra e impactam a formação integral dos alunos.
 

Carlos Mendes é licenciado em Educação Física e atua há 11 anos como professor da disciplina em escolas bilíngues. Sua formação na área começou em Portugal, continuou no Canadá e foi concluída no Brasil pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – São Paulo. Além disso, sendo um apaixonado por voleibol e dança, teve passagens como técnico de voleibol universitário e, como dançarino, ganhou bolsa de estudos em dança de salão no Canadá e representou o Brasil em campeonatos internacionais na modalidade hip hop.
 

Gilberto Júnior atua há mais de com 40 anos nas áreas de Educação e Educação Física. É mestre em Psicobiologia pela Universidade Federal de São Paulo e em Educação Física pela Universidade de São Paulo. Psicomotricista clínico com formação na França, foi o primeiro árbitro da história do Brasil a ser convocado para os Jogos Olímpicos de Atenas 2004; trabalhou nos Estados Unidos, no Cirque du Soleil, como treinador das crianças do Show “Love”; a participou de mais de 10 campeonatos mundiais e copas do mundo de ginástica artística como treinador e árbitro. É professor do Brazilian International School – BIS.
 

Rodrigo Marçura é professor e coordenador de Educação Física do Progresso Bilíngue Cambuí, professor da Rede Municipal de Educação de Campinas/SP e coordenador há mais de 20 anos de viagens pedagógicas para formação de professores e campeonatos esportivos no Brasil e no Exterior. É Bacharel e Licenciado pela Universidade de Campinas- Unicamp e especialista em Educação pela Faculdade São Leopoldo Mandic.