Na infância, fui abusada sexualmente por um tio. Odeio falar sobre isso. Mas o meu namorado dizia que eu não relaxava na hora do sexo, que ficava travada. Contei sobre o fato, e ele foi um querido. Me disse que eu precisava revelar para a minha mãe. Quando falei, ela afirmou que eu deveria estar enganada e que é melhor não conversarmos sobre isso agora. O que vocês acham disso?
Querida amiga, quando ocorre abuso sexual infantil, é comum que a negação esteja presente, o que acaba contribuindo para a perpetuação da violência por um longo tempo. Isso impede a revelação do fato, fortalecendo o que chamamos de síndrome do segredo familiar. Essa condição está diretamente ligada à psicopatologia do agressor (pedofilia) que, por gerar intenso repúdio social, tende a se proteger em uma teia de segredo, mantido com base em ameaças  à criança ou ao adolescente abusado.
Impactos Quando a família é acolhedora e demonstra acreditar no relato da criança ou do adolescente, a vítima se sente fortalecida, e os impactos da violência tendem a ser menores. Caso contrário, a vítima torna-se vulnerável e insegura frente à situação. O medo de contar as experiências de abuso pode estar associado ao receio da rejeição familiar, ao fato de as pessoas não acreditarem no relato. Sabemos que as consequências da violência podem ter efeitos na vida adulta dos indivíduos. É um trauma, que pode gerar sintomas como ansiedade, depressão, sentimento de culpa, vergonha, ódio, medo, raiva, comportamento suicida, baixa autoestima, agressividade, tendência ao isolamento social e comportamento sexual inadequado, entre outros. Você já deu o primeiro passo em busca de sua recuperação emocional: quebrou o silêncio. Agora, se julgar necessário,  busque a ajuda de um terapeuta para dar início a um tratamento adequado.
Via | Diário Gaúcho
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